“Há um mal-estar crescente na área da saúde, nomeadamente pela desvalorização a que os seus profissionais foram sujeitos ao longo destes anos. E no setor publico arrastam-se há mais de dois anos processos de diálogo e negociação que não passam de um simulacro”, declarou Arménio Carlos aos jornalistas durante um protesto dos trabalhadores do hospital da Cruz Vermelha, que cumprem hoje um dia de greve.

Além de negociações que se arrastam e não alcançam acordos, Arménio Carlos indica ainda que no setor da saúde “alguns dos compromissos assumidos não foram concretizados pelo Governo”.

Questionado se este Governo está a ter mais contestação do que no período da ‘troika’, o secretário-geral da CGTP lembrou as “muitas greves” que ocorreram no período de assistência financeira, mas admitiu que a “estratégia de intervenção” sindical era diferente.

“Naquela altura a nossa estratégia foi outra. Se [os trabalhadores] estavam a ter menos rendimentos, não podíamos recorrer sistematicamente à greve, sob pena de reduzirmos ainda mais os rendimentos dos trabalhadores. Adquirimos outra estratégica, uma intervenção em que as greves eram cirúrgicas, nos momentos adequados, e simultaneamente procurámos dar expressão de rua, com concentrações, manifestações e greves gerais que tiveram um grande impacto”, comentou Arménio Carlos.

O dirigente da CGTP considera ainda que a situação do país mudou agora, passando de um período de recessão económica para um de crescimento económico, sendo legítimo que as expectativas das pessoas sejam acompanhadas pela sua reivindicação:

“Agora estamos numa situação diferente. Antes tínhamos a recessão económica e havia a justificação para não aumentar os salários por causa da recessão. Agora temos o crescimento económico. É natural que as pessoas, depois de terem sofrido tanto anteriormente, digam que chegou o momento de ser distribuída melhor a riqueza.

A área da saúde tem sido confrontada com várias greves neste último ano, sendo que atualmente decorre uma greve dos técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica e uma greve prolongada de enfermeiros em blocos operatórios que já levou ao adiamento de pelo menos 5.000 cirurgias.