Para a central sindical liderada por Tiago Oliveira, os resultados destas eleições revelam a “manutenção do núcleo central de onde emanam as orientações da UE na sua lógica neoliberal, federalista e militarista”, com o crescimento das forças “mais reacionárias e de extrema-direita promovidas pelo grande capital e ao seu serviço”.

Considerando que a campanha eleitoral para o Parlamento Europeu foi “marcada pela ilusão em torno de supostas diferenças” das duas forças mais votadas (PS e AD) que, em matérias “fundamentais, têm posicionamentos convergentes” e que os resultados se traduziram na eleição de dois deputados cada por parte dos “projetos mais reacionários protagonizados pela IL e Ch”, a CGTP “realça a importância da intensificação da luta, num quadro institucional menos favorável, para travar a ofensiva aos direitos e fazer avançar os salários, pensões e direitos de quem trabalha e trabalhou”.

A Intersindical entende ainda que “a transferência de soberania para a União Europeia (UE) conjugada com a nova composição do Parlamento Europeu que resulta destas eleições, traz novos perigos”.

Da sua parte, promete, os “trabalhadores podem contar com uma ação que afirma a paz frente às derivas belicistas, de que a corrida ao armamento já em curso é exemplo”, mas também a soberania e o desenvolvimento nacional “perante a intenção de manter, perpetuar e acentuar as medidas” que visam a “imposição de crescentes constrangimentos” em diferentes planos determinantes para o futuro do país.

Para a CGTP a elevada abstenção que se registou nas eleições deste domingo — ainda que mais baixa do que nas últimas europeias — “não pode ser desligada” de uma UE que considera estar cada vez mais afastadas dos interesses e direitos dos trabalhadores e populações e do “crescente afastamento do país em relação aos níveis médios de salários e de vida”.

Na leitura da central sindical, o tempo é “de mobilizar, esclarecer e organizar os trabalhadores” para um aumento salarial geral de 15% e da fixação do salário mínimo nos 1.000 euros e a fixação do horários de trabalho nas 35 horas semanais, apelando à mobilização para a semana de esclarecimento, ação e luta marcada para os dias 20 a 27 de junho, visando trabalhadores de todos os setores e em todo o país.

O PS venceu as eleições europeias de domingo com 32,1% e oito eurodeputados, à frente da Aliança Democrática, que teve 31,1% e sete mandatos, segundo os resultados provisórios.

Segundo a Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, o Chega, que elegeu dois eurodeputados, foi a terceira força política, com 9,79%.

Também com dois deputados eleitos, a Iniciativa Liberal (IL) obteve 9,07% dos votos.

O Bloco de Esquerda (BE) recolheu 4,25% dos votos e a CDU (PCP/PEV) 4,12%, obtendo um eurodeputado cada.