“Teremos um Conselho Europeu importante, em tempos difíceis. Estes tempos são importantes para demonstrar, mais uma vez, que a União Europeia (UE) está unida para defender os nossos princípios e os nossos valores”, declarou Charles Michel.

Em declarações à chegada à cimeira europeia, o responsável acrescentou: “Apoiamos Israel no seu direito de se defender em conformidade com o direito internacional (…), condenamos o Hamas e este violento ataque terrorista e iremos debater como nos certificamos de que há acesso humanitário”.

“Os civis devem ser protegidos sempre e em todo o lado”, adiantou Charles Michel em declarações à imprensa.

Os líderes da UE reúnem-se hoje e sexta-feira em Bruxelas para debater as tensões no Médio Oriente, visando uma pausa humanitária em Gaza e negociações sobre uma solução de dois Estados, além de desafios europeus como migrações e orçamento.

Um dos objetivos é que desta cimeira saia uma posição comum entre os 27 chefes de Governo e de Estado da UE para melhorar a situação humanitária na Faixa de Gaza, razão pela qual o mais recente rascunho das conclusões, a que a Lusa teve acesso, refere que “o acesso e a ajuda humanitária devem processar-se de forma rápida, segura e sem entraves, através de todas as medidas necessárias, incluindo corredores e pausas humanitárias”.

Esta formulação “pausas humanitárias” surge depois de a versão anterior do projeto de conclusões conter a expressão no singular, sem nunca ter estado previsto um apelo a “cessar-fogo”.

O apelo para pausa humanitária em Gaza reúne consenso entre os Estados-membros, mas Portugal, por exemplo, já veio admitir que preferia uma posição da UE a defender um cessar-fogo humanitário, não aceite por países como a Alemanha.

Este Conselho Europeu decorre numa altura de intensos bombardeamentos de Israel contra a Faixa de Gaza, que se seguiram ao ataque do grupo islamita Hamas no passado dia 07 de outubro.

Ainda sobre o Médio Oriente, os líderes europeus pretendem neste Conselho Europeu discutir como evitar uma escalada do conflito ao nível regional e como avançar para o relançamento de um processo político com base na solução de dois Estados, israelita e palestiniano.

A reunião surge depois de declarações do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, na terça-feira, defendendo ser “importante também reconhecer que os ataques do Hamas não aconteceram do nada”, pois “o povo palestiniano tem sido submetido a 56 anos de ocupação sufocante”.

Isto também deverá ser abordado entre os líderes, sendo que Portugal já vincou que compreende e acompanha a posição de Guterres.

Ao nível geopolítico, também será discutida a invasão da Ucrânia pela Rússia, com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a participar por videoconferência no início da cimeira, quando a UE equaciona como usar os bens congelados da Rússia para financiar a reconstrução da Ucrânia.

Por este contexto geopolítico e pelo recente ataque terrorista em Bruxelas, há uma semana, esta cimeira está envolta em fortes medidas de segurança.