
Os comentários de Philippe Lazzarini surgem um dia após a divulgação de um relatório que afirma que Israel ainda não apresentou "provas" de que alguns dos membros da UNRWA estão ligados a "organizações terroristas".
Mas os autores do documento, encomendado pelo secretário-geral da ONU, também apontam que a UNRWA tem "problemas de neutralidade política", especialmente no uso das redes sociais por parte dos seus funcionários.
Embora aceite as descobertas do relatório, Lazzarini disse a jornalistas que os ataques à neutralidade da agência "são principalmente motivados pelo objetivo de privar os palestinianos do estatuto de refugiados" e que "esta é a razão pela qual há pressões para que a UNRWA deixe de estar presente" em Gaza, em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia.
A agência, criada pela Assembleia Geral da ONU em 1949, atualmente presta assistência a cerca de 5,9 milhões de refugiados registados.
Lazzarini indicou que durante uma reunião recente "pediu aos membros do Conselho de Segurança uma investigação independente e uma prestação de contas pelo flagrante desprezo pelas instalações, pessoal e operações da ONU na Faixa de Gaza".
Até esta terça-feira, 180 funcionários da UNRWA foram mortos, 160 instalações foram danificadas ou destruídas e "pelo menos 400 pessoas morreram à procura de proteção sob a bandeira da ONU", lembrou Lazzarini.
Edifícios desocupados dessa entidade têm sido usados para fins militares pelo Exército de Israel ou pelo grupo islamista palestiniano Hamas e outros militantes; e funcionários da UNRWA foram presos e até torturados, acrescentou.
Israel tem equiparado repetidamente essa agência da ONU ao Hamas, cujo ataque em 7 de outubro deixou 1.170 mortos em Israel, a maioria civis, segundo contagem da AFP baseada em dados oficiais israelitas.
A ofensiva aérea e terrestre lançada por Israel em retaliação já deixou pelo menos 34.183 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestiniano.
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