Questionada pela agência Lusa através de correio eletrónico, a Procuradoria da República da Comarca de Évora confirmou a realização da “diligência de constituição e interrogatório de arguido” e indicou que o chefe de segurança, Nuno Dias, prestou declarações.
Acompanhado por uma advogada, Nuno Dias chegou, por volta das 09:45, às instalações do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Évora e os dois abandonaram o edifício perto das 11:30, constatou a Lusa no local.
À saída, a advogada do chefe de segurança do ex-ministro limitou-se a informar os jornalistas de que não iriam prestar declarações.
O chefe de segurança da comitiva, Nuno Dias, foi constituído arguido por despacho do diretor do DIAP de Évora, José Carlos Laia Franco, que decidiu reabrir o inquérito.
No despacho, a que a agência Lusa teve acesso, também é determinada a constituição como arguido do ex-ministro Eduardo Cabrita.
O Ministério Público (MP) já solicitou à Assembleia da República o levantamento da imunidade parlamentar do agora deputado Eduardo Cabrita para que também possa ser constituído e interrogado como arguido.
Segundo os autos do processo, consultados pela Lusa, Nuno Dias, da PSP e chefe de segurança de Alta Entidade, cuja constituição como arguido foi também determinada pelo MP, já tinha sido inquirido como testemunha em 25 de junho do ano passado.
Nessa ocasião, referiu não ter noção da velocidade a que circulava a comitiva, “sendo a velocidade adequada a cada missão, ao momento e ao local”.
Em 18 de junho de 2021, quando ocorreu o acidente que envolveu o atropelamento mortal de Nuno Santos, funcionário da empresa que efetuava trabalhos de manutenção na Autoestrada 6 (A6), no sentido Estremoz-Évora, a comitiva do então ministro da Administração Interna (MAI) era constituída por três viaturas, seguindo Eduardo Cabrita na primeira delas.
Nuno Dias seguia na viatura imediatamente atrás do automóvel do então MAI, juntamente com outros elementos da comitiva, e declarou, nessa inquirição de 25 de junho do ano passado,
que foi ele a acionar os meios de socorro para o local do atropelamento.
A 03 de dezembro de 2021, o MP acusou o motorista Marco Pontes de homicídio por negligência pelo atropelamento mortal de Nuno Santos, um dos trabalhadores da manutenção da A6, tendo, nesse mesmo dia, Eduardo Cabrita apresentado a sua demissão como ministro.
No passado dia 13 de janeiro, o Ministério Público decidiu a reabertura do inquérito na sequência de um pedido de intervenção hierárquica interposto pelo advogado da Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M), Paulo Graça, assistente no processo.
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