Carrie Lam disse esta madrugada em Hong Kong (noite em Lisboa), numa conferência de imprensa, que espera que a comunidade de Hong Kong reconheça que se deve condenar o protesto e desejou que a sociedade volte ao normal o mais rapidamente possível.
A chefe do Executivo disse ainda sentir-se zangada e triste com a violência e o caos causado pelo protesto sem precedentes de hoje e voltou a não dar qualquer indicação de que irá retirar definitivamente a lei da extradição que está na génese das quatro manifestações expressivas que se realizaram este mês no território.
Centenas de manifestantes partiram hoje vidros e destruíram gradeamento para entrar na sede do parlamento.
Uma vez lá dentro, pintaram ‘slogans’ nas paredes, reviraram arquivos nos escritórios e espalharam documentos no chão.
Os manifestantes dizem que Lam não respondeu às suas exigências, apesar dos vários protestos nas últimas semanas.
Ao final da noite a polícia interveio finalmente, depois de avisos feitos aos manifestantes que insistiram em manter-se junto ao edifício e dentro das instalações onde se reúnem os deputados de Hong Kong.
Os manifestantes acabaram por dispersar e, nas ruas desertas, restam apenas capacetes, máscaras e chapéus de chuva num perímetro completamente controlado pela polícia que, às 04:00 (21:00 em Lisboa) começava também a desmobilizar.
A 15 de junho, a chefe do Governo, Carrie Lam, que no próprio dia dos confrontos entre a polícia e manifestantes a 12 de junho tinha reafirmado a intenção de prosseguir com a lei apesar dos protestos, acabou por anunciar a suspensão do debate sobre a proposta.
Proposta em fevereiro e com uma votação final inicialmente prevista para 20 de junho, as alterações permitiriam que a chefe do executivo e os tribunais de Hong Kong processassem pedidos de extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.
Os defensores da lei argumentam que, caso se mantenha a impossibilidade de extraditar suspeitos de crimes para países como a China, tal poderá transformar Hong Kong num “refúgio para criminosos internacionais”.
Os manifestantes dizem temer que Hong Kong fique à mercê do sistema judicial chinês como qualquer outra cidade da China continental e de uma justiça politizada que não garanta a salvaguarda dos direitos humanos.
A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respetivamente, decorreu sob o princípio “um país, dois sistemas”, precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa.
Para as duas regiões administrativas especiais da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.
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