A reunião foi convocada na passada segunda-feira pelo Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, com o propósito de “discutir os recentes desenvolvimentos no Iraque e no Irão” e o contributo que a União pode dar para ajudar a “inverter a escalada de tensões na região”.

O encontro, no qual Portugal estará representado pelo ministro Augusto Santos Silva, tem lugar numa altura em que a situação aparenta estar um pouco mais desanuviada, depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter declarado, na quarta-feira, que os Estados Unidos estão prontos a “abraçar a paz com todos os que a buscam” e a apostar na renegociação do acordo nuclear de 2015, afastando para já o cenário de um conflito militar.

Novas e “poderosas” sanções contra Teerão foram a resposta anunciada pela Casa Branca aos mísseis iranianos lançados horas antes contra duas bases iraquianas com tropas norte-americanas lá estacionadas, em Ain al-Assad (oeste) e Erbil (norte), que fizeram temer uma escalada da confrontação.

O ataque foi reivindicado pelos Guardas da Revolução iranianos como uma “operação de vingança”, em retaliação pela morte do general Qassem Soleimani, comandante da sua força Al-Quds, na sexta-feira, num ataque aéreo em Bagdade ordenado por Trump.

Também na quarta-feira, o colégio da Comissão Europeia debateu a situação, tendo a presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen, sublinhado que “a União Europeia tem muito para oferecer”, enquanto facilitadora do diálogo entre todos os atores, já que “a sua voz é ouvida na região”.

“A crise atual afeta profundamente não só a região, mas todos nós, e o uso de armas deve parar agora para dar espaço ao diálogo. Exortamos todas as partes para fazerem todos os possíveis para retomar as conversações. A UE à sua própria maneira tem muito para oferecer. Temos relações estabelecidas e comprovadas pelo tempo com muitos atores na região para ajudar a travar a escalada (…) A UE está muito empenhada nesta área, pelo que a sua voz é ouvida”, declarou.

O chefe da diplomacia portuguesa, Augusto Santos Silva, também já comentou na última quarta-feira a situação, apelando à contenção de todos os envolvidos para evitar “uma espiral de violência” no Médio Oriente.

“As ações militares tomadas pelo Irão contra bases da coligação internacional [que luta contra o Estado Islâmico no Iraque] a que Portugal pertence merecem a nossa condenação, mas apelamos também a todos os envolvidos para que usem da máxima contenção para evitarmos uma espiral de violência no Médio Oriente e uma escalada que nos afastará mais de uma solução pacífica, sustentada e duradoura para a estabilidade” naquela região, disse o ministro, que participará hoje no Conselho, com início agendado para as 15:00 locais, 14:00 de Lisboa.