Intervindo no encerramento do debate parlamentar sobre o programa do XXIV Governo Constitucional, o presidente do Chega pediu ao primeiro-ministro que apresente um orçamento retificativo "em nome da mudança e da reforma" e "em nome de Portugal".
André Ventura confrontou Luís Montenegro com declarações suas quando disse que o Orçamento do Estado para este ano, apresentado pelo último Governo do PS, era "pipi" e "muito betinho, que parece que faz, mas não faz".
"Oh senhor primeiro-ministro, eu não quero mesmo acreditar, de coração, que vai governar Portugal com orçamento de impostos máximos, serviços mínimos e que nada faz", afirmou.
O líder do Chega considerou que “este Governo tem medo de um orçamento retificativo, do Orçamento do Estado e da própria sombra porque assim se colocou, não criou uma solução de estabilidade e agora assume governar com o orçamento que PSD, IL e Chega votaram contra”.
Ventura pediu também uma "resposta pronta e rápida" para as reivindicações de certos setores profissionais, como os professores ou as forças de segurança, pedindo ao Governo que responda às questões "quando, como e quanto".
O líder do Chega desafiou também o Governo para fazer uma "auditoria profunda ao Estado", reverter a extinção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e "atirar para o caixote do lixo da História a última lei de imigração e nacionalidade".
Na sua intervenção, André Ventura disse igualmente que "quem está a ver em Beja, Odemira, no Porto, não quer saber de Abril, quer saber da invasão de imigrantes que tem nas suas terras" e que considera que é necessário "impedir".
Esta declaração motivou pateadas por parte de alguns deputados do PS, que gritaram também "vergonha", enquanto a bancada do Chega aplaudia o seu líder.
“Enchemos a boca para dizer 50 anos do 25 de Abril e em casa já ninguém quer saber disso. Em casa querem saber da pensão que não aumentou, querem saber da corrupção que aumenta, dos salários baixos. Em casa não querem cumprir Abril porque para eles é Abril todos os dias quando têm de pagar as contas do supermercado. Em casa não querem cumprir os cravos nem andar de chaimites na Avenida da Liberdade, querem que os filhos tenham uma escola segura, onde não sejam assaltados”, acrescentou Ventura.
Na sua intervenção no encerramento do debate sobre o programa do Governo, o líder do Chega criticou BE e PCP por terem apresentado moções de rejeição sem terem uma alternativa de governo.
Assinalando que as duas bancadas têm, no total, nove deputados, André Ventura afirmou que “juntos não formariam um Conselho de Ministros, mas querem deitar abaixo o Governo de Portugal” e disse tratar-se de uma “total e absoluta irresponsabilidade a que o Chega não se juntará”.
O Chega já tinha anunciado que iria votar contra e o PS que se abstém, pelo que estas iniciativas deverão ser rejeitadas.
O presidente do Chega afirmou também que “a ideologia de género tem de ser combatida nas escolas”.
“Não podemos ter medo. Sempre o dissemos e de um passámos para 12, de 12 para 50 e de 50 seremos 117 daqui a uns meses ou daqui a uns anos”, afirmou, referindo-se aos deputados do seu partido.
O líder do Chega criticou também a esquerda por “exigir o cumprimento urgente de medidas que o país não pode adiar” quando o PS “governou Portugal nos últimos oito anos”.
André Ventura já tinha apelado diretamente ao primeiro-ministro para apresentar um orçamento retificativo na quinta-feira, no primeiro dia do debate sobre o programa do Governo.
Na resposta, Luís Montenegro, escusou-se a esclarecer se o Governo vai avançar, dizendo que o fará se houver necessidade, e defendeu que "mais importante" é tomar decisões para resolver os problemas das pessoas.
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