“Vai chegar um momento em que vão dizer: agora, é viabilizar ou ajoelhar. E nós nunca fomos de ajoelhar, de nos vergarmos. Nós não estamos à venda. Por muito que aquela pressão aumente, que digam que ‘agora são irresponsáveis, são a causa da instabilidade do país’ (…) quando nós nascemos ninguém disse que seríamos a muleta do sistema”, afirmou André Ventura no discurso de encerramento do IV Congresso do Chega.
O líder do Chega qualificou de “fatalismo” a ideia de que é preciso escolher entre o “PS ou PSD” como se isso correspondesse a definir se se está do “lado da direita ou da esquerda”.
“Não há ninguém nesta sala que acredite que o PSD é de direita, e eu suspeito até que já não há ninguém no PSD que acredita que aquilo é um partido de direita. (…) O PSD não é um partido de direita e por isso não pode querer governar à direita com o Chega”, frisou.
Nesse sentido, André Ventura alertou que, no pós-eleições, irá cair uma “pressão enorme” sobre o partido para que viabilize um Governo social-democrata de maneira a evitar a manutenção do PS no poder.
André Ventura considerou assim que, se na fundação do partido, o Chega tinha prometido ser “contra o sistema”, não pode agora contradizer-se após o dia 30 de janeiro: “Não podemos, nem queremos, nem vamos”, frisou.
“Não podemos abdicar daquilo em que acreditámos e nos deu os votos de tantos portugueses. (…) Quando nos perguntarem ‘ah, mas porque é que não viabiliza um Governo do PSD?’, [responderemos] ‘porque deu zero na luta contra a corrupção, contra a redução do Estado, deu zero neste país em que quem trabalha tem que pagar tudo, e quem não trabalha tem tudo da parte do Estado”, referiu.
O líder do Chega afirmou que, nos 20 ou 25 anos de governos sociais-democratas, o PSD fez “a mesma coisa que fez o PS”: “Por isso pergunto-vos: é com estes que queremos e podemos governar? Nós só temos uma coisa a fazer: é lutar para ser a maior força política em Portugal. Este tem de ser o nosso caminho e a nossa luta”, defendeu.
Ventura afirmou que “amar Portugal e amar o Chega tornaram-se quase duas coisas em simbiose perfeita, quase uma unidade inquebrável” e, dirigindo-se aos delegados que estavam na plateia, afirmou que, quando fizer a lista de candidatos à Assembleia da República, o critério será “primeiro os melhores, segundo os mais leais e aqueles que amam este partido, mas será sempre o amor a Portugal”.
“Até dia 30 de janeiro não há gostos, nem egos, nem lutas, nem lugares, há uma enorme transformação que podemos fazer. (…) Talvez eu vá cometer erros a escolher pessoas, é possível, talvez eu não seja devidamente grato para todos os que trabalharam, é possível. (…) O que eu vos peço é a confiança de acreditarem que estou a dar tudo o que tenho para que este partido chegue a um lugar digno no dia 30 de janeiro”, indicou.
Com o seu discurso, que durou mais de 50 minutos, André Ventura encerrou o IV Congresso do Chega, que decorreu entre sexta-feira e domingo na Expocenter, em Viseu.
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