Manning disse que se valeu dos seus direitos constitucionais para se negar a responder às perguntas nesta quarta-feira, embora lhe tenha sido oferecida imunidade, e que um juiz federal vai avaliar se a sua decisão pode ser classificada como desrespeito ao tribunal - o que poderia levá-la de volta à prisão.

"Na sexta-feira, voltarei a um tribunal federal em Alexandria, na Virgínia, para uma audiência a portas fechadas por desrespeito ao tribunal", explicou em comunicado.

"Um juiz avaliará os fundamentos legais da minha recusa a responder perguntas diante de um grande júri. A corte pode decretar que desrespeitei e pode condenar-me à prisão", afirmou.

Manning confirmou que a investigação é sobre a publicação de mais de 700 mil documentos ligados às guerras do Iraque e do Afeganistão que entregou em 2010 ao WikiLeaks.

Manning, ex-analista de Inteligência do Exército, foi condenada em 2013 a 35 anos de prisão por entregar ao WikiLeaks mais de 700.000 documentos secretos relacionados às guerras no Iraque e no Afeganistão.

As revelações de Manning, que é transgénero e foi anteriormente conhecida como Bradley Manning, expuseram delitos encobertos e possíveis crimes cometidos por tropas e aliados dos Estados Unidos. O então presidente Barack Obama comutou a sua sentença, o que levou à sua libertação em maio de 2017.

A Justiça de Alexandria, perto de Washington, não confirmou que o WikiLeaks e Assange são os alvos desta investigação.

Assange, que vive desde 2012 refugiado na embaixada do Equador em Londres para evitar ser preso, assegura que os Estados Unidos querem extraditá-lo para julgá-lo pelas atividades do WikiLeaks, que, segundo ele, são similares às de qualquer jornalista.

Hanna Jonasson, advogada de Assange, disse acreditar que o caso a ser tratado nos Estados Unidos está focado nas revelações de 2010 que envolvem Manning.