Numa conferência de imprensa, o porta-voz do ministério, Wang Wenbin, garantiu que a China se opõe “firmemente a qualquer tentativa politizar e criar estigmas” em torno do SARS-CoV-2.
Numa cerimónia pública na quarta-feira, em Brasília, Jair Bolsonaro tinha questionado a origem do coronavírus SARS-CoV-2.
“É um vírus novo. Não se sabe se nasceu em laboratório ou se foi de um homem que comeu um animal. Sabemos que há guerras bacteriológicas”, declarou o Presidente brasileiro.
A única guerra que está a ser travada, respondeu hoje Wang Wenbin, é contra o novo coronavírus, que “é um inimigo comum da humanidade”.
O diplomata chinês apelou a todos os países do mundo que “unam esforços (…) para uma vitória rápida e completa sob a pandemia”.
Jair Bolsonaro tinha ainda destacado, numa alusão direta à China, que se deve recordar “qual é o país cujo PIB [Produto Interno Bruto] mais cresceu com a pandemia”.
A economia da China cresceu 18,3 por cento, no primeiro trimestre deste ano, em relação ao período homólogo de 2020, quando a atividade económica no país asiático paralisou, devido às medidas de prevenção contra a covid-19.
A China obteve um crescimento anual de 2,3 por cento no ano passado, tornando-se a única grande economia a crescer em 2020. Só Taiwan teve um desempenho económico melhor, com o PIB a crescer 3,1 por cento.
Poucas horas depois dos comentários iniciais, Jair Bolsonaro sublinhou que não tinha dito “a palavra China”. “Agora, vocês da imprensa não falam onde nasceu o vírus. Falem. Ou estão temendo alguma coisa”, disse o Presidente brasileiro aos jornalistas.
Já hoje, o presidente do centro brasileiro de investigação médica Instituto Butantan, Dimas Covas, reiterou que o SARS-CoV-2 não foi produzido na China e não faz parte de uma guerra biológica.
“A Organização Mundial da Saúde fez uma auditoria em Wuhan e deixou claras as condições de surgimento deste vírus. (…) A China fez o que o Brasil não fez, conseguiu controlar a epidemia”, acrescentou Dimas Covas.
Segundo um comunicado, o investigador falava durante a entrega de um milhão de doses da vacina contra a covid-19 CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e a mais utilizada no Brasil.
Dimas Covas admitiu atrasos na entrega de um lote de seis mil litros de ingrediente farmacêutico ativo, vindo da China, que permitiria produzir entre seis e oito milhões de doses da CoronaVac.
O lote terá afinal apenas dois mil litros e deverá chegar ao Brasil apenas a 13 de Maio.
O Brasil, um dos países mais afetados pela pandemia, totaliza 411.588 óbitos e mais de 14,8 milhões de infeções.
Comentários