O outro país alvo de críticas por parte de organizações internacionais, a Arábia Saudita, não garantiu um lugar no Conselho de Direitos Humanos da ONU, noticia a agência AP.
A Rússia e Cuba concorriam ao lugar sem oposição, ao contrário da China e da Arábia Saudita, que lutavam juntamente com mais três países por um assento naquele órgão.
Nesta ‘corrida’ aos lugares, o Paquistão recebeu 169 votos, o Uzbequistão 164, o Nepal 150, a China 139 e a Arábia Saudita apenas 90 votos.
Apesar dos planos de reforma anunciados pela Arábia Saudita, a Human Rights Watch (HRW) e outros movimentos opuseram-se fortemente à sua candidatura, defendendo que o país do Médio Oriente continua a visar defensores dos direitos humanos, dissidentes e ativistas dos direitos das mulheres.
E realçaram ainda que aquele país demonstrou pouca responsabilidade por abusos anteriores, como o assassinato do colunista do jornal norte-americano Washington Post e o crítico saudita Jamal Khashoggi no consulado saudita, em Istambul, há dois anos.
De acordo com as regras do Conselho de Direitos Humanos, os lugares são atribuídos a regiões de forma a garantir uma representação geográfica.
À exceção da região Ásia-Pacífico, a eleição de 15 dos 47 membros para o Conselho de Direitos Humanos foi decidida com antecedência.
Quatro países conquistaram quatro assentos na África: Costa do Marfim, Malawi, Gabão e Senegal. Rússia e Ucrânia conquistaram as duas cadeiras do leste europeu.
No grupo da América Latina e Caraíbas, México, Cuba e Bolívia conquistaram as três vagas em aberto, enquanto o Reino Unido e a França conquistaram os dois lugares para o grupo da Europa Ocidental e Outros.
“Precisamos que os Estados tenham escolha. Eles não querem competição… Essencialmente, estes são acordos de bastidores que são elaborados entre os grupos regionais”, destacou o diretor da ONU para a HRW, Louis Charbonneau.
Numa conferência de imprensa que decorreu na semana passada, Luís Charbonneau acrescentou que “quando os estados não têm escolha, os piores candidatos facilmente encontram o seu caminho para o Conselho”.
“Esta é uma realidade política infeliz, mas continuamos a transmitir a mensagem de que precisamos de uma competição e uma eleição real, não de uma eleição falsa”, sublinhou.
Também na semana passada, uma coligação de grupos de direitos humanos da Europa, Estados Unidos e Canadá pediu aos Estados membros da ONU para que se opusessem à eleição da China, Rússia, Arábia Saudita, Cuba, Paquistão e Uzbequistão, lembrando que os seus antecedentes no que diz respeito aos direitos humanos os tornavam “não qualificados”.
O Conselho de Direitos Humanos, que tem sede em Genebra, pode apontar abusos e tem monitores especiais para vigiar determinados países e questões. Também analisa periodicamente os direitos humanos em todos os países membros da ONU.
Criado em 2006 para substituir uma comissão desacreditada por causa do histórico relacionado com direitos humanos de alguns dos membros, o novo conselho enfrentou desde cedo críticas semelhantes.
Os EUA anunciaram a sua retirada do Conselho em junho de 2018, acusando o órgão de ser um fórum de hipocrisia sobre os direitos humanos e ainda por o considerar anti-Israel.
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