A iniciativa da marcha nasceu nos Estados Unidos, onde a comunidade científica se mobilizou contra o desinvestimento na área anunciado pela administração do Presidente norte-americano, Donald Trump, acusado pelos cientistas de desvalorizar a procura da verdade em favor de mentiras politicamente convenientes.
No dia 22 os cientistas vão estar na rua a marchar, entre o Príncipe Real e o Largo do Carmo, a fazer experiências e a procurar demonstrar a toda a gente por que é que a ciência é importante para a vida de todos.
O neurocientista Gil Costa, um dos organizadores da marcha, disse à Agência Lusa que a ciência é um valor democrático, que faz melhores cidadãos, e que a comunidade científica não pode perder a solidariedade com o que acontece nos outros países, porque depende de colaboração internacional.
Os organizadores, que se juntaram em fevereiro através da rede social Facebook, querem politizar os cientistas, levá-los a demonstrar aos políticos que é preciso manter financiamentos e políticas que promovam a investigação, e fazer com que os cidadãos em geral também pensem da mesma maneira.
Para isso, na conclusão da marcha, a zona do Chiado será o cenário da Festa da Ciência, com núcleos de cientistas a interpelarem os cidadãos para lhes mostrar e falar de ciência, um espetáculo de comédia “stand up” na galeria Zé dos Bois e debates.
Eric DeWitt, um neurocientista norte-americano a trabalhar em Portugal, afirmou que nos Estados Unidos e na Europa se põem as mesmas questões importantes para a ciência: em que investir.
Afirmou que no seu país de origem, onde a presidência de Donald Trump predispôs muita gente a ser ativa na contestação, acaba por ser mais fácil mobilizar a classe científica, porque questões como as mentiras proclamadas como “factos alternativos” são uma realidade que os americanos vivem.
Na Europa, assinala, ainda não se chegou a esse ponto, mas “está-se perto”, receia, afirmando que os partidos nacionalistas europeus seguem a mesma cartilha.
A ciência não é dona da verdade absoluta, mas é um processo para chegar sempre mais perto da verdade, e isso é um bom princípio quer se seja cientista ou não, desde a infância, afirmou.
O sociólogo Alix Sarrouy assinalou que os europeus ainda não sentiram o efeito dos cortes no financiamento da ciência nos Estados Unidos, mas ele chegará, uma vez que o país está “na proa da ciência” e menos dinheiro lá irá repercutir-se em outros pontos do mundo.
A concentração para a marcha, replicada em cerca de 500 cidades do mundo, começa em Lisboa no Largo de São Mamede pelas 14:00.
Na sua página de Facebook, os organizadores contaram cerca de 1.400 pessoas que demonstraram interesse na iniciativa e 300 que afirmaram que vão comparecer.
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