Quando se assinala o Dia Mundial sem Tabaco (todos os anos a 31 de maio, desde 1987), os mais recentes números da OMS indicam que os cigarros matam mais de sete milhões de pessoas por ano, 583 mil por mês, 19.200 por dia. O hábito de fumar mata em Portugal 12 mil pessoas por ano, ou seja 32 mortes por dia.
Segundo o relatório da OMS, os números de mortes devido ao tabaco aumentaram em três milhões desde o início do século, quando os cigarros matavam anualmente quatro milhões de pessoas.
Só na Europa o tabaco é responsável pela morte de 1,2 milhões de pessoas em cada ano.
Na sua página na internet a Sociedade Portuguesa de Cardiologia salienta ainda que os fumadores têm em média menos dez anos de vida do que os não fumadores, e que o tabaco é responsável por 25% a 30% da totalidade de cancros, por 80% das doenças pulmonares crónicas obstrutivas e por 90% dos cancros do pulmão.
Em Portugal, e no mundo ocidental, as principais causas de morte são o acidente vascular cerebral, doenças cardiovasculares, cancro e doença pulmonar obstrutiva crónica.
Tabaco mais caro e multas para "prevaricadores"
Proibir fumar nicotina em todos os locais fechados, multar o “prevaricador” que fume em sítios proibidos, aumentar “exponencialmente” o preço do tabaco e comparticipar as drogas para desabituação tabágica são medidas hoje defendidas pela Fundação Portuguesa do Pulmão (FPP).
No âmbito do Dia Mundial Sem Tabaco, que é hoje celebrado, o presidente da FPP, José Alves, destacou quatro políticas “fundamentais” antitabágicas, começando por enumerar a proibição de fumar nicotina, seja tabaco aquecido, seja tabaco normal, seja nicotina eletrónica, em todos os lugares fechados.
Penalizar o “prevaricador” que fume em locais proibidos é a segunda medida que o presidente da FPP destaca. “Nunca ninguém apanhou multas por estar a fumar em sítios proibidos”, defende aquele responsável, referindo: “quando na autoestrada vamos a 160 quilómetros por hora apanhamos uma multa”.
Outra medida “urgente” é, para o responsável, aumentar de forma exponencial o preço do tabaco. “Atualmente, um maço de tabaco custa cinco euros (…), há dez anos, na Irlanda, um maço de tabaco, com 20 cigarros, custava 20 euros”, alerta José Alves, sublinhando que o valor dos maços de tabaco tem de aumentar.
O quarto ponto fundamental para combater o vício do tabaco é, para o presidente da FPP, o Estado comparticipar as drogas para a desabituação tabágica quando “clinicamente se justifique”. “Clinicamente”, porque, explicou o clínico, há fumadores que decidem deixar de fumar num dia, “compram a droga comparticipada pelo Estado e param de a tomar” nos dias seguintes, lamentou, declarando que o Estado não deve ser penalizado por “tíbias tentativas de deixar de fumar”.
Reverter os proveitos dos impostos para realizar campanhas antitabágicas ou proibir fumar os ocupantes de todos os veículos motorizados são outras das medidas defendidas pela FPP.
Proposta do Governo
Recentemente o Governo apresentou à Assembleia da República uma proposta de lei de alteração da lei do tabaco, que basicamente equipara novos produtos de tabaco (cigarros eletrónicos ou tabaco aquecido) ao tabaco tradicional, para efeitos de restrições de locais de uso por exemplo, e proíbe o consumo junto de locais como escolas ou hospitais, ainda que ao ar livre.
Nas votações indiciárias, em sede de Comissão Parlamentar, os deputados votaram contra a proibição de fumar junto de escolas ou hospitais, mas aceitam equiparar os novos produtos de tabaco ao tradicional.
A questão tem sido polémica, nomeadamente por causa do tabaco aquecido, que as organizações ligadas à saúde criticam, porque, dizem, não está provado que é menos prejudicial. A Tabaqueira, subsidiária da multinacional Philip Morris, no entanto apresenta o produto como sendo 90 a 95 menos prejudicial do que o tradicional tabaco e garante que estudos científicos lhes dão razão.
Na semana passada a FDA (órgão de controle da alimentação e medicamentos dos Estados Unidos) publicou um sumário executivo sobre o novo produto da multinacional do tabaco e vai analisar, num processo que pode demorar até um ano, o pedido de classificação do sistema de tabaco aquecido como produto de tabaco de risco modificado. A empresa afirmou-se muito satisfeita.
O dia de hoje tem como objetivo sensibilizar e alertar a população para os malefícios do tabaco e para a necessidade de proteger os que não fumam.
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