“A não inclusão da linha ferroviária do Douro na agenda e nas conclusões da cimeira ibérica é grave porque ignora as recomendações do fórum parlamentar luso-espanhol, reunido há uma semana”, afirmou, em comunicado, Luís Leite Ramos, deputado na Assembleia da República e presidente da concelhia do PSD de Vila Real.
O parlamentar considerou ainda que esta exclusão “contraria a retórica do Governo sobre a ambição de transformar as regiões transfronteiriças na nova centralidade peninsular e faz veto de gaveta ao estudo da [empresa] Infraestruturas de Portugal (IP) que demonstra a viabilidade técnica da sua reabilitação e que custa menos do que quatro estações do Metropolitano de Lisboa”.
O estudo da IP, datado de setembro de 2016, demonstra, na opinião do responsável, “desmistifica a tese absurda de uma alegada inadequação técnica da linha do Douro no tocante à circulação de pesadas composições de mercadorias” e enquadra "a valência passageiros na estrita articulação com as atividades económicas das regiões atravessadas, sendo-lhe atribuído um papel catalisador do desenvolvimento regional".
Luís Leite Ramos referiu ainda que “o cenário mais caro de reabilitação da linha do Douro, orçamentado em cerca de 473 milhões de euros, é muito inferior ao valor estimado para outros projetos e passível de financiamento comunitário”
“De quem ou de quê tem medo o Governo para esconder do país o estudo da IP sobre o desenvolvimento da linha ferroviária do Douro”, questionou o deputado.
O PSD exigiu que o Governo divulgue o estudo e promova um debate sério e consequente sobre os seus resultados e conclusões.
“O Governo prova mais uma vez que, entre frases feitas e sorrisos, esquece o que lhe convém, não resolve de acordo com o interesse maior do país e coloca em segundo plano a população do interior”, concluiu.
Os governos de António Costa e Mariano Rajoy estiveram reunidos entre segunda e terça-feira, no Douro e em Vila Real, numa cimeira dedicada à cooperação transfronteiriça.
No final, foram assinados oito textos, um deles relacionado com as infraestruturas de transportes transfronteiriças e que estabelece compromissos para o desenvolvimento das principais ligações, sendo conferida prioridade ao investimento nas redes ferroviárias.
Neste aspeto, os governos realçaram os avanços coordenados no desenvolvimento das ligações ferroviárias Sines – Lisboa / Caia – Madrid – Irún, Aveiro – Vilar Formoso / Fuentes de Oñoro – Salamanca – Medina del Campo – Irún e Porto – Vigo.
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