Segundo a página eletrónica www.fridaysforfuture.org, que reúne os protestos anunciados em todo o mundo, até hoje à tarde estavam previstas 1.693 manifestações em 106 países.

Esta greve escolar mundial, que tem como lema "fazer greve por um clima seguro" culmina uma série de manifestações semanais iniciadas no ano passado pela adolescente sueca Greta Thunberg.

Em agosto do ano passado, a adolescente de 16 anos começou a faltar à escola à sexta-feira, colocando-se em frente ao parlamento sueco com um cartaz que dizia "greve da escola pelo clima".

A iniciativa inspirou jovens de outros países, que começaram a manifestar-se, nomeadamente na Bélgica, em França e na Alemanha, juntando milhares de alunos.

Numa concentração recente em Paris, os jovens gritavam: "Em 50 anos vocês estarão mortos, nós não".

Mas na "greve mundial pelo futuro", prevista para esta sexta-feira, estudantes vão sair das escolas para se manifestar de Sydney a Lisboa, de Tóquio a Montreal, de Hong Kong a Kampala.

"Fazemos greve para dizer aos nossos governos que façam os seus deveres e mostrem-nos provas!", diz a organização na sua página na rede social Facebook.

Os jovens querem provas de que o mundo está a tomar as medidas necessárias para limitar o aquecimento global a um máximo de +2°C relativamente à era pré-industrial, como prevê o Acordo de Paris.

"Neste momento, os dirigentes dizem apenas que vão tentar dar o seu melhor", mas isso não chega, disse recentemente Greta Thunberg, que na quarta-feira foi nomeada para o Prémio Nobel da Paz por três deputados noruegueses.

Numa intervenção perante líderes políticos e empresariais na cimeira de Davos, este ano, Thunberg disse: “Não quero que vocês tenham esperança. Quero que entrem em pânico. E quero que sintam o medo que eu sinto todos os dias. E depois quero que ajam”.

A Amnistia Internacional avisou que um falhanço dos governos do mundo inteiro na gestão desta crise poderá revelar-se “uma das maiores violações dos direitos humanos intergeracionais da história".

O secretário-geral daquela organização de direitos humanos, Kumi Naidoo, disse ser "lamentável que as crianças tenham de sacrificar dias de aprendizagem na escola para pedir aos adultos que façam o que está certo".

"No entanto, eles sabem as consequências da atual vergonhosa inação, tanto para eles próprios como para as gerações futuras. Este devia ser um momento de dura autorreflexão para a classe política”, disse Naidoo.

Segundo a página da organização, os países com mais protestos previstos para sexta-feira são França (210), Alemanha (196), Itália (182), Suécia (123), Estados Unidos (166) e Reino Unido (108), país onde mais de 10.000 alunos saíram à rua num protesto do mesmo género no mês passado.

Na Bélgica, milhares de trabalhadores vão juntar-se aos estudantes em cidades como Antuérpia, Bruges e Liège, reunindo-se depois em Bruxelas numa manifestação maior, seguindo um apelo da união sindical socialista ABVV-FGTB, que representa 1,6 milhões de trabalhadores.

Também em França a união sindical CFDT apelou aos seus associados para se juntarem ao protesto estudantil de sexta-feira.

Em Espanha estão previstas 62 greves, numa mobilização que está a fazer lembrar o "movimento dos indignados", que começou em 15 de maio de 2011.

Em Portugal estão previstos protestos em pelo menos 25 cidades como Lisboa, Porto, Coimbra, Aveiro, Covilhã, Évora e Faro.