A passagem dos Coldplay por Coimbra marca o início da Music of the Spheres World Tour na Europa. A noite mais aguardada começou com boa casa, viu-se algumas abertas no relvado protegido por placas, mas acabou por ser positivo, já que deu espaço para as pessoas dançarem.

Chris Martin subiu ao palco pelas 21h23 depois de uma apresentação apelando à renovação do planeta. Renovação dos Oceanos, reflorestação e energias verdes, o pacote completo no que diz respeito à proteção do planeta, e a primeira grande explosão de luz, cor e som. Pelas 21h30, Chris e a sua banda abrem a noite com "Higher Power".

O alinhamento com as músicas tardou a chegar aos jornalistas, mas isso não impediu de identificar os sucessos da maior banda de rock da atualidade. Com 20 minutos de concerto, depois de tocar temas como Paradise e The Scientist, Chris volta-se para o público com um “boa noite, meus amigos. Nossa família portuguesa” e levou o público ao delírio porque disse-o em Português.

“Estou a tentar falar Português. Estamos muito agradecidos. Obrigado pelo esforço de estarmos aqui hoje”, disse referindo-se aos cortes do trânsito e todos os outros problemas que possam ter causado ao normal funcionamento da cidade.

“Muito obrigada. Estamos muito felizes por estar aqui em Coimbra” e concluiu com “Thanks for everyone's coming from Porto, Lisboa and all over”, na língua de sua majestade, o rei.

O espectáculo avançou para o Segundo Acto (Act II) que começou com "Viva La Vida" e fechou com "Yellow", deixando o recinto pintado de amarelo com as luzes das pulseiras eletrónicas entregues à entrada e que a banda pediu, encarecidamente, que fossem devolvidas no final, por questões ambientais.

Entre as músicas "Hymn for the Weekend” e “TBC”, Chris chama ao palco um jovem fã que apresentava um cartaz com um sonho: “Quero tocar um dueto contigo ao piano”. O vocalista pede-lhe que suba, pergunta-lhe pelo nome, “Lourenço, venho de Lisboa”, respondeu ao cantor britânico que o senta no piano para tocar “Hardest Part”. No fim da música, Chris coloca a bandeira de Portugal nos ombros de Lourenço e o público volta entusiasmar-se.

Mas a noite tinha mais surpresas. Com cerca de 1h30 de espetáculo, Chris sobe a um segundo palco, montado na extremidade Sul do relvado e, surpresa das surpresas, canta “Balada de Despedida”, o fado que se despede da cidade dizendo-lhe que “tem mais encanto na hora da despedida".

“Foi mesmo uma surpresa, não estava sequer no alinhamento”, disse ao SAPO24 um dos elementos da produção, no final do concerto.

Mas antes do espectáculo terminar, outro dos grandes momentos da noite foi o fecho do Terceiro Acto (Act III), com “A Sky Full of Stars”. Depois da entrada, a música pára. Por momentos, toda a gente ficou sem perceber se tinha sido uma avaria. Dirigindo-se ao público, Chris pede para repetir, mas desta vez, “sem telemóveis e sem vídeos”, disse. “Vamos fazer isto de novo e apreciar o momento só para nós”. Voltou a música num grande momento de luz, cor e som que envolveu tudo e todos dentro do estádio.

O espectáculo durou cerca de duas horas e contou com quatro actos. No último, tocaram-se temas como Sunrise, Humankind ou Biutyful. Questionados se os espetáculos das próximas noites vão ser diferentes dos da primeira, a equipa da produção que acompanhou os jornalistas disse que não, no entanto, sugeriu que poderão haver mais surpresas como as de hoje.

Problemas na entrada. Falha nos leitores e pessoas a desfalecer por causa do calor

Horas antes de começar o concerto registaram-se algumas falhas, sobretudo na zona do Estádio. Nas entradas Poente, a abertura de portas aconteceu 45 minutos depois da hora prevista. As longas horas de espera, combinadas com o calor e o aperto entre as pessoas que queriam entrar, acabou por causar desmaios. Chamaram-se os serviços de socorro, as pessoas ficaram mais nervosas, começaram a assobiar, a protestar “é uma vergonha”, disse um senhor que estava no meio da confusão e viu uma senhora a desmaiar à sua frente, referindo-se à falha dos PDA, os dispositivos que servem para ler o código de barras dos bilhetes.

créditos: Manuel Ribeiro/Madremedia

A demora na abertura de portas deveu-se “a falhas na leitura dos códigos de barras dos PDA”, contou ao SAPO24 um dos controladores que não quis identificar-se. Questionado sobre a razão, o controlador acrescentou que a “equipa local não está preparada” para lidar com os aparelhos de leitura e deu como exemplo outros grandes eventos, onde esteve, com outras equipas e que “processavam mais de 1500 bilhetes em menos de 30 minutos”, disse.

créditos: Manuel Ribeiro/Madremedia

“Isto está muito mal organizado. O meu filho sentiu-se mal e quase desmaiou, nem água nos davam”, disse ao SAPO24 Conceição Mota que saiu da fila depois de ver o filho quase a desfalecer. “Estávamos na fila, para a Porta 5, e as pessoas começaram a flanquear, a passar à frente e nós começamos a ficar apertados lá no meio. Quase que desmaiei, estou agora aqui a beber água e a comer uma banana”, relatou o filho que está à espera desde das 14 horas sob um sol abrasador.

“Chegar a Coimbra foi cansativo, mas valeu muito a pena”

A maratona começou bem cedo para os milhares de fãs. Coimbra acordou com muito sol, a máxima prevista para o dia era de 28 graus. Nas ruas da baixa, também se viam muitos espanhóis que vieram ver a banda atuar.

Na principal estação de comboios, os fãs começaram a chegar paulatinamente. Às 13 horas, tinham chegado dois comboios. “Para já, chegaram 300 pessoas. Cerca de 260 num intercidades e as restantes em comboio regional”, disse um controlador dos SMTUC - Transportes Urbanos de Coimbra, enquanto segura um mapa com todos os comboios previstos chegarem para o primeiro de quatro concertos.

O posto de controlo foi montado ao lado da Estação. O controlador orienta os autocarros organizados em circuitos especiais que levam os fãs ao Estádio Cidade de Coimbra, mediante a compra de uma fita amarela e que permite andar em qualquer autocarro durante os quatro dias, por 4 euros.

créditos: Manuel Ribeiro/Madremedia

“Venho da Madeira”, disse Alexandre ao SAPO24 quando chegou à paragem. “É o primeiro concerto dos Coldplay e a primeira vez em Coimbra. A nossa viagem até aqui foi muito cansativa. Não conseguimos alojamentos, fomos parar à Figueira”, disse o jovem de 22 anos. “Cansativo, mas vale muito a pena", prometeu o jovem para o concerto dali a umas horas.

“É o primeiro concerto que vejo, nunca assisti a um concerto ao vivo, e foi logo da minha banda favorita. Amanhã voltamos para a Madeira”, concluiu Alexandre.

créditos: Manuel Ribeiro/Madremedia

“Queria mesmo muito vir”, disse Daniela de Torres Vedras que conseguiu o bilhete há um ano, depois de longas horas de espera na fila de uma superfície comercial. “É a primeira vez que venho a um concerto dos Coldplay”, disse a jovem de 18 anos que se levantou às 9h00 para apanhar o regional das 11h30 que chegou a Coimbra duas horas depois.

Hoje à noite, a cidade volta a ser palco da banda liderada por Chris Martin. Na sexta-feira, haverá uma pausa. Os concertos regressam no sábado e no domingo. Uma maratona musical onde se estima juntar mais de 200 mil pessoas.

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Fotografia: Tomás Soares Nogueira | SAPO Mag