Por volta das 09:00 locais (08:00 em Lisboa), os manifestantes tentaram forçar um posto de controlo na praça da Estrela, provocando uma resposta da polícia, que usou gás lacrimogéneo e canhões de água.

"Quanto mais eles nos mandam gás, mais as pessoas ficam em cólera. Se nos deixassem manifestar nos Campos Elísios e sem gás, as coisas não seriam assim. Hoje tenho medo que a França entre em guerra civil. Se for necessário, voltarei no próximo sábado", afirmou Corinne, “colete amarelo” vinda das imediações de Paris, em declarações à agência Lusa, junto ao Arco do Triunfo.

Desde as 06:00 locais (05:00 em Lisboa), a avenida parisiense está fechada ao tráfego e sujeita a uma vigilância policial apertada para evitar grandes aglomerações de pessoas.

Foram mobilizados 4.000 polícias para manterem a ordem nos Campos Elísios, onde estavam, por volta das 11h30,  cerca de 1.500 manifestantes.

Duas pessoas foram presas por transportar armas proibidas, segundo uma fonte policial. Até ao momento, mais de 100 pessoas já foram detidas e há registo de 20 feridos, entre os quais estão polícias.

Depois de serem dispersos da praça do Arco do Triunfo - fechada ao trânsito -, os manifestantes, alguns encapuzados e mascarados, recuaram para as avenidas adjacentes, avançou a AFP, tendo novamente regressado ao Arco do Triunfo.

Numa das avenidas, a Mac-Mahon, latões de lixo foram derrubados e incendiados, provocando um pequeno incêndio no meio da estrada.

O ministro do interior francês, Christophe Castaner, disse, na sua conta do Twitter, que estas ações são "intoleráveis" e demonstrou o seu apoio à polícia francesa.

Ao contrário da semana passada, neste sábado os Campos Elísios estão completamente controlados pela polícia. Revistas, controlos de identidade e barreiras intransponíveis estão montadas em todas as ruas que dão à avenida. Foram encontrados martelos e outros materiais que poderiam ser utilizados contra a polícia nas malas de alguns dos manifestantes, segundo os meios de comunicação franceses.

As reivindicações dos coletes amarelos não mudaram, mesmo depois do Presidente Emmanuel Macron se ter dirigido à nação na passada terça-feira. Carga de impostos, perda do poder de compra e desilusão geral com o Governo são as queixas mais comuns entre quem escolheu vir a Paris manifestar. Anais, Marie e Gaelle vieram da Bretanha, no sudeste da França, e dizem que já só querem a demissão de Macron.

"Estamos fartas. Já nos mentiram o suficiente. Só queremos a demissão dele, já não podemos ver. Pagamos demasiado impostos, no dia 15 do mês já não temos dinheiro para comer, não podemos ter filhos porque temos medo de não lhe dar um futuro", disseram em uníssono Anais, Marie e Gaelle.

A maior parte das lojas optaram por fechar portas e barricaram as vitrinas - muitas ainda partidas desde a semana passada. Assan, que tem uma pequena mercearia na vizinhança, optou por manter o comércio aberto, mas pode fechar durante a tarde caso a situação entre a polícia os manifestantes se intensifique.

"A manhã normalmente corre bem, à tarde piora. Isto não pode continuar assim, o Governo tem de encontrar uma solução. Para quem está mesmo nos Campos Elísios, é ainda pior. Este é primeiro fim-de-semana de dezembro e começam as compras de Natal", afirmou Assan.

O movimento de “coletes amarelos” nasceu espontaneamente num sinal de protesto contra a taxação de combustíveis em França.

As ações de contestação estão a causar grande embaraço ao Governo francês, tendo corrido mundo as imagens de confrontos entre manifestantes vestindo coletes amarelos e a polícia, no passado sábado, na emblemática avenida dos Campos Elísios.

(Notícia atualizada às 13:16)