Nos ataques em causa, considera a organização não-governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos, a coligação foi responsável por “violações do direito humanitário internacional”.
A ONG investigou a operação militar da coligação liderada pelos Estados Unidos entre 06 de junho e 17 de outubro de 2017 para expulsar os ‘jihadistas’ da cidade que declararam sua “capital” na Síria.
Investigadores da Amnistia visitaram 42 locais atingidos por ataques da coligação e entrevistaram 112 habitantes que perderam 90 familiares, amigos ou vizinhos, “quase todos mortos por ataques da coligação”.
“Quando tantos civis são mortos ataque após ataque, há claramente qualquer coisa que está errada e, para agravar esta tragédia, tantos meses passados, os incidentes continuam sem ser investigados. As vítimas merecem justiça”, afirmou Donatella Rovera, consultora da Amnistia, citada no relatório.
A brutalidade do Estado Islâmico, que semeou o terror e executou numerosas pessoas em Raqa, “não isenta a coligação da obrigação de tomar todas as precauções possíveis para minimizar os danos causados aos civis”, sublinhou Rovera, apontando nomeadamente “o uso repetido de armas explosivas em zonas habitadas onde se sabia que os civis estavam encurralados”.
As conclusões do relatório foram recusadas como “grosseiramente imprecisas” pelo porta-voz da coligação, o coronel Sean Ryan, que sublinhou os “esforços rigorosos” da coligação e “as informações recolhidas antes de cada ataque para destruir o Estado Islâmico minimizando os danos para a população civil”.
Ryan afirmou que conclusões como as de que os ataques foram “desproporcionados” ou “cegos” são “mais ou menos hipotéticas” e acrescentou que qualquer “morte ou ferimento de um não-combatente é uma tragédia”.
Em Londres, um responsável do Ministério da Defesa assegurou por seu turno que as forças britânicas fazem “todos os possíveis para minimizar os riscos para as populações civis”, “mas tendo em conta o comportamento impiedoso e desumano do Daesh e o ambiente urbano complexo”, deve “aceitar-se que o risco de vítimas civis involuntárias está sempre presente”.
Numa visita a Raqa em abril, a agência norte-americana Associated Press descreveu uma cidade em ruínas e com um forte cheiro a cadáveres em decomposição.
Segundo o Conselho Civil de Raqa, que assumiu a administração da cidade após a expulsão dos ‘jihadistas’, quase 500 cadáveres foram retirados das ruínas e, mais de seis meses depois, continuam a ser descobertos cadáveres soterrados. O Conselho estima também que 65% das habitações foram destruídas.
Comentários