
O Papa Francisco morreu hoje, anunciou o Vaticano, através do cardeal Kevin Ferrell. "Queridos irmãos e irmãs, é com profunda tristeza que devo anunciar a morte do nosso Santo Padre Francisco".
"Às 7h35 desta manhã, o Bispo de Roma, Francisco, regressou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da Sua igreja. Ele ensinou-nos a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados. Com imensa gratidão pelo seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, encomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Uno e Trino", disse.
De recordar que, a 14 de fevereiro, Francisco foi internado na Policlínica Gemelli, em Roma, devido à bronquite. Dias depois, o Vaticano anunciou que o pontífice estava com uma infeção polimicrobiana do trato respiratório e, posteriormente, com uma pneumonia bilateral. O pontífice teve alta a 22 de março e sabia-se que o seu estado de saúde era frágil.
No dia de ontem, domingo de Páscoa, o Papa apareceu na Praça de São Pedro, no Vaticano, e deu a bênção Urbi et Orbi.
Os problemas de saúde nos últimos anos
Em 2024, Francisco passou também por algumas questões de saúde, com algumas gripes e infeções respiratórias a fazerem com que precisasse de ajuda para ler textos em audiências ou noutros eventos.
Um dos pontos em que tal foi realçado foi na Semana Santa, já que cancelou, pelo segundo ano consecutivo, a sua presença na Via Sacra no Coliseu de Roma, na Sexta-feira Santa.
Anteriormente, no verão de 2023, a 6 de junho, o Vaticano confirmou que o Papa se tinha dirigido ao hospital para fazer exames. No dia seguinte, após a audiência geral habitual à quarta-feira, Francisco deu entrada no hospital para uma intervenção cirúrgica ao abdómen — uma laparotomia e plástica da parede abdominal com prótese, com recurso a anestesia geral.
"A operação, marcada nos últimos dias pela equipa médica que assiste o Santo Padre, tornou-se necessária devido a uma hérnia incisional encarcerada que está a causar síndromes sub-oclusivas recorrentes, dolorosas e agravadas. O internamento na unidade de saúde durará vários dias para permitir o curso pós-operatório normal e a plena recuperação funcional", foi referido na altura.
Dias antes, ao início da tarde de 26 de maio, a Sala de Imprensa da Santa Sé deu conta de que o pontífice cancelou a sua agenda por se encontrar em "estado febril".
De recordar que, a 29 de março, o Papa Francisco deu entrada "no Hospital Gemelli de Roma para alguns exames previamente programados". No mesmo dia foi confirmado que tinha uma infeção respiratória e que iria ficar internado alguns dias, o que se veio a confirmar.
O Papa já tinha estado internado neste hospital entre 4 e 14 de julho de 2021, após uma intervenção cirúrgica ao cólon. Além disso, Francisco removeu parte de um pulmão na juventude e sofria de ciática crónica.
Nessa altura, o pontífice tinha vindo a falar sobre os problemas no joelho que o fizeram deslocar-se muitas vezes em cadeira de rodas, mas colocou sempre de lado a hipótese de uma intervenção cirúrgica.
Associado aos problemas de saúde veio também a questão da renúncia, com Francisco a afirmar que ocupava uma posição vitalícia e que a renúncia do Papa Bento XVI foi uma exceção. Contudo, soube-se que escreveu uma carta de renúncia dois meses depois da sua eleição.
"Fiz isso caso tivesse algum problema de saúde que me impedisse de exercer o meu ministério e não estivesse plenamente consciente e em condições de renunciar", disse o Papa ao Civita Cattolica.
O percurso de Francisco na Igreja
Jorge Mario Bergoglio nasceu a 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, capital da Argentina, e foi ordenado a 13 de dezembro de 1969, durante os estudos na Faculdade de Teologia do colégio de São José, em São Miguel de Tucuman (norte da Argentina).
Em 1969, viajou para Espanha, onde cumpriu o seu terceiro período de preparação sacerdotal na Universidade de Alcalá de Henares, em Madrid. Em 1972, regressou à Argentina para ser professor de noviços na localidade de São Miguel de Tucuman.
Entre 1980 e 1986, desempenhou as funções de reitor da Faculdade de Filosofia e Teologia de São Miguel. Concluiu o doutoramento na Alemanha, e foi também confessor e diretor espiritual da Companhia de Jesus, em Córdova (Espanha).
A nomeação como bispo aconteceu a 20 de maio de 1992, quando o Papa João Paulo II lhe confiou a diocese de Auca e o tornou bispo auxiliar da diocese de Buenos Aires.
Cinco anos mais tarde, em 1997, foi nomeado arcebispo coauditor de Buenos Aires e em 1998, depois da morte do arcebispo e cardeal Quarracino, subiu a arcebispo da capital argentina.
O cardeal argentino integrava a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, do Conselho pontifício para a Família e a Comissão Pontifícia para a América Latina. Foi presidente da conferência de bispos na Argentina, entre 8 de novembro de 2005 e 8 de novembro de 2011.
A 13 de fevereiro de 2013, dias depois da renúncia de Bento XVI, Bergoglio foi escolhido como o próximo Papa, após cinco votações, no quinto dia do conclave.
A escolha do jesuíta, na altura com 76 anos, acabou por surpreender os especialistas, já que não era dos mais novos do colégio cardinalício.
Além disso, estava eleito o primeiro papa latino-americano da História, facto comentado imediatamente por Francisco quando dirigiu as primeiras palavras enquanto Papa, a partir da varanda da Basílica de S. Pedro, no Vaticano.
"Parece que os cardeais foram procurar o novo pontífice no fim do mundo", declarou Jorge Mário Bergoglio.
Nessa ocasião, Francisco convidou os fiéis "a tomarem o caminho da fraternidade, do amor" e "da evangelização" e pediu à multidão congregada na praça de São Pedro um minuto de silêncio: "Rezem por mim e deem-me a vossa benção”.
Comentários