A senadora Jeanine Añez, uma política pouco conhecida nacionalmente, assumiu ontem a presidência interina da Bolívia e prometeu organizar eleições no menor tempo possível.
"Queremos convocar eleições o mais cedo possível", afirmou Añez, que recebeu o apoio dos principais líderes opositores.
Jeanine Añez é a segunda mulher a governar a Bolívia, depois de Lidia Gueiler (1978-1980), que foi derrubada por um golpe militar.
Nascida em Trinidad, no norte do distrito de Beni, no dia 13 de junho de 1967, Añez tem boa experiência como política e legisladora. É divorciada e mãe de dois filhos: Carolina, uma dentista de 29 anos, e José, gestor de empresas de 24.
Formada em direito, entre 2006 e 2008 integrou a Assembleia Constituinte que redigiu a atual Constituição. Apesar de pertencer a um partido minoritário, foi eleita segunda vice-presidente do Senado, e acabou na presidência face à da ausência dos demais políticos na linha de sucessão.
Com a faixa presidencial no peito e uma pequena Bíblia na mão, discursou do balcão do Palácio Quemado, diante da Praça Murillo, a poucos metros do Congresso.
Membro do partido Unidade Democrática e senadora desde 2010, ficou nacionalmente conhecida no domingo, quando após a renúncia de Morales e face à ausência do presidente do Senado e do seu primeiro vice-presidente, declarou que lhe correspondia assumir as rédeas do país.
"Ocupo a segunda vice-presidência e pela ordem constitucional cabe-me assumir este desafio, com o único objetivo de convocar novas eleições", declarou na ocasião.
A sua proclamação como chefe de Estado, validada pelo Tribunal Constitucional, provocou uma verdadeira festa em Trinidad, e também foi celebrada em La Paz e em outras cidades que se mobilizaram contra a reeleição de Morales.
A presidente interina defendeu nesta terça-feira a manutenção do uso da bandeira multicolorida whipala, adotada pelos seguidores indígenas de Morales, como símbolo nacional junto ao pavilhão tricolor boliviano.
Em seguida exibiu triunfante um enorme exemplar de "Os quatro evangelhos".
Añez prometeu que "nunca mais" se roubará o voto dos bolivianos, e pediu um minuto de silêncio pelos sete mortos durante os protestos pela renúncia de Morales.
Os adversários de Morales afirmam que ele ignorou duas vezes o voto popular: no referendo que negou a sua reeleição indefinida, em 2016, e nas eleições de outubro passado.
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