“É um entendimento incorreto” do Governo alemão disse à agência Lusa o secretário do Turismo e Cultura.
Eduardo Jesus sublinhou não existir qualquer “razão para considerar a Madeira no todo nacional e numa zona de risco de uma variante [da covid-19] que a Madeira não tem”, a detetada na índia, a Delta.
“A Madeira não quer um tratamento de exceção, quer uma discriminação positiva porque tem condições” para isso, e “neste momento pode reclamá-la”, salientou o governante madeirense.
As autoridades sanitárias da Alemanha colocaram sexta-feira Portugal na 'lista vermelha', uma decisão que vigorará a partir de terça-feira e que obrigará todos os viajantes provenientes do território português a uma quarentena de 14 dias.
“Portugal é classificado como uma área de variantes [do SARS-CoV-2] de preocupação inicialmente durante duas semanas”, anunciou o Instituto Robert Koch, a agência federal de saúde da Alemanha, acrescentando “que uma extensão” deste período “é possível”.
Na terça-feira, a chanceler alemã, Angela Merkel, criticou a falta de regras comuns na União Europeia (UE) relativamente às viagens e utilizou como exemplo o aumento de infeções em Portugal, uma situação que “podia ter sido evitada”.
“Lamentamos igualmente que tenha sido preciso o senhor primeiro-ministro falar com a senhora chanceler Ângela Merkel para explicar que Lisboa é Lisboa e o Porto é o Porto e a má decisão portuguesa de se fazer a final da Champions no Porto que tem estas consequências para todo o país”, sustentou o responsável madeirense.
Eduardo Jesus censurou que António Costa por não ter tido nessa ocasião “a lembrança e oportunidade de explicar à senhora chanceler que existe uma região autónoma, que é a da Madeira, com duas ilhas, uma delas ‘covid free’ há larguíssimas semanas [Porto Santo] e outra com apenas 65 casos positivos”.
O secretário regional salientou que “a Madeira tem de continuar a fazer a trajetória sempre sozinha”, embora procure “envolver todos os responsáveis nacionais nesta caminhada que é necessariamente portuguesa”.
No seu entender, também “demonstra que não houve eficácia na comunicação de Portugal” - entre António Costa e Angela Merkel - considerando que foi uma “oportunidade perdida” pelo primeiro-ministro ao “apenas aproveitar essa conversa para reconhecer o erro que foi fazer em Portugal a final da Champions”.
O governante regional acrescentou que devido à decisão do Governo alemão “sucedem-se os cancelamentos” dos viajantes daquele país, numa altura em que a região tinha “6.200 lugares disponíveis nos aviões em regime de voo direto da Alemanha para a Madeira que vão-se perder nos próximos 14 dias”.
O responsável adiantou que “as companhias não estão a impossibilitar a viagem, estão a gerir as reservas que restam para otimizar estas mesmas frequências”, cabendo a decisão de viajar aos passageiros e existem relatos de alguns que resolveram não antecipar o regresso, sujeitando-se depois à quarentena no regresso
“Isto é um impacto outra vez numa trajetória que estávamos a tentar consolidar neste início de verão e que não vem de maneira nenhuma facilitar a vida da Madeira”, vincou.
Eduardo Jesus enfatizou que as declarações da chanceler alemã na terça-feira fizeram prever esta decisão, tendo o Governo Regional desencadeado nesse mesmo dia uma ação de “comunicação muito assertiva junto do embaixador da Alemanha em Portugal para fazer chegar ao Governo alemão a informação correta sobre a Madeira”.
“Apelamos à intervenção do Governo da República e através dos grandes operadores com quem nos relacionámos na Madeira, fizemos chegar aos respetivos responsáveis alemães essa mesma informação, procurando evitar que isto acontecesse”, disse.
Face ao atual cenário, logo que saiu sexta-feira a notícia, a região voltou a fazer “essa mesma vaga de informação” com o objetivo de transmitir a “informação correta sobre a verdadeira situação” epidemiológica da Madeira.
Os últimos dados divulgados sexta-feira pela Direção Regional de Saúde indicam que a Madeira registou nove novos casos de covid-19, mais 11 recuperados, tem 65 situações ativas e cinco doentes hospitalizados, nenhum na unidade de cuidados intensivos.
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