Os números foram avançados na cerimónia de apresentação do concurso internacional para a aquisição do serviço público de transporte rodoviário de passageiros na Área Metropolitana de Lisboa (AML), que hoje decorreu no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
Segundo o primeiro-secretário metropolitano, Carlos Humberto, verificou-se nos últimos anos uma revolução nos transportes da AML, desde a bilhética à mobilidade, uma mudança de paradigma, que melhorou as oportunidades de mobilidade de emprego, de formação e de lazer.
O mais visível para os rendimentos das famílias passou pela criação de um novo sistema tarifário, com o passe Navegante municipal (30 euros), Navegante Metropolitano (40 euros), Navegante +65 (20 euros), Navegante 12 (sem custo), Navegante Família Municipal (60 euros) e Navegante Família Metropolitano (80 euros).
De acordo com Carlos Humberto, mais de 900 mil pessoas ficaram abrangidas pelo sistema Navegante “o que corresponde a cerca de um terço da população da área metropolitana”.
“Comparando abril e dezembro de 2019 com o mesmo período de 2018, temos números surpreendentes”, sublinhou.
De acordo com o responsável, a comparação entre estes períodos permitiu perceber que o número total de passageiros cresceu 18,1% e o número de passageiros com passe aumentou 32,3%.
No setor ferroviário, o crescimento foi de 31,9%, no rodoviário 17,2%, no metro 12,8% e no modo fluvial 7,2%, especificou.
“Temos mais de 115 mil pedidos de Navegante 12 [gratuito, para crianças até ao final dos 12 anos], que não estão incluídos nos valores anteriores. A venda de cartões Lisboa Viva teve um acréscimo de 78%”, disse ainda.
De acordo com o responsável, a utilização dos transportes fora das hora de ponta e ao fim de semana também cresceu, “em grande medida por via do Navegante + 65” (para seniores).
Carlos Humberto sublinhou ainda que “os municípios financiam esta estratégia metropolitana em 2019 com 25 milhões de euros em 2020 com 31 milhões de euros e se necessário em 2021 e anos seguintes até uma verba de 43 milhões de euros ano”.
Considerou, contudo, que a solução do navegante é ainda “incompleta e insuficiente”, devido à oferta, “apesar de alguns reforços pontuais”, problema que o concurso hoje lançado “ultrapassará no transporte rodoviário”.
Para se chegar à rede hoje lançada a concurso foi necessário trabalhar com os 18 municípios e em articulação com os municípios vizinhos e também com as comunidades intermunicipais que têm deslocações na área metropolitana de Lisboa e “trilhar um caminho exigente“, complexo do ponto de vista técnico-jurídico, de estudos financeiros, de articulação da rede com a dos outros modos de transportes, desde o comboio ao metro e aos barcos.
“Tudo isto obrigou a um trabalho persistente, exigente e muito prolongado. Foi necessário ponderar, diria coser e cerzir todas as propostas”, disse.
Segundo o concurso público internacional hoje lançado, no valor de 1,2 mil milhões de euros, todos os autocarros na AML vão pertencer à marca única Carris Metropolitana até meados de 2021, adotando a cor amarela tradicional da empresa que até agora serve Lisboa.
Posteriormente, a AML irá também gerir outros meios de transporte na sua área, estando previsto que o passo seguinte seja a Soflusa e a Transtejo, seguindo-se o Metropolitano e os comboios suburbanos.
O concurso, válido para sete anos, coloca quatro lotes a concurso, com um total de 578 linhas, com ligação a outros meios de transporte, como o comboio, metro ou barco.
Na margem norte estão a concurso o lote Noroeste (carreiras municipais de Amadora, Oeiras e Sintra e intermunicipais de ligação a Cascais, Lisboa e exterior da AML) e o Nordeste (Mafra, Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira e intermunicipais para Lisboa e exterior AML).
Na margem sul, estão o lote Sudoeste (Almada, Seixal e Sesimbra e intermunicipais de ligação ao Barreiro e Lisboa) e o Sudeste (Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal e intermunicipais de ligação ao Barreiro e Lisboa e exterior AML).
O concurso define níveis de qualidade de serviço, como informação e entretenimento a bordo, climatização e ventilação, segurança, pontos ‘USB’ e ‘wifi’.
Prevê ainda uma plataforma tecnológica integradora dos serviços, para melhorar a informação ao público em tempo real nos autocarros e nas paragens, mas também em aplicações e nos telemóveis e na internet.
Os autocarros deverão ser mais ecológicos, com sistemas de transporte adaptados a pessoas com mobilidade reduzida e uma média de idades menor do que a atual.
Por exemplo, no primeiro ano não poderão circular autocarros com mais de 16 anos, exigindo-se uma idade média da frota de oito anos, mas no quinto ano os veículos não podem circular há mais de 12 anos e a média de idade do material circulante deverá ser de seis anos.
Quanto aos vencedores, “nenhum operador deverá ter mais de 50% da totalidade dos serviços contratados”, para minimizar que o serviço fique em risco por incumprimento, e está ainda determinado que “todos os trabalhadores das empresas que hoje efetuam o serviço de transporte rodoviário neste território têm que ser integrados pelo operador que vencer o respetivo lote”, afirmou Sérgio Pinheiro, diretor do departamento de gestão e planeamento dos sistemas de transporte da AML.
(Notícia atualizada às 19h50)
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