"Isto não pode ser" foi a expressão que a Ministra da Saúde usou hoje para expressar desagrado e condenar o número de serviços de urgência que estiveram encerrados no passado fim de semana e que totalizaram 17, na maioria de obstetrícia.

Ana Paula Martins apresentou hoje um "balanço" do Plano de Emergência para a Saúde que o governo apresentou em maio. Continha mais de meia centena de medidas, mas hoje a governante admitiu que não se faz tudo em três meses e revelou que nem tudo correu bem. Mas avisou que "nunca ninguém prometeu" fazer tudo nesse tempo.

A tutelar da Saúde anunciou que, na recuperação das listas de doentes oncológicos a aguardar intervenção, "deixou de haver doentes com cancro à espera de cirurgia acima do tempo medicamente responsável." 25.800 cirurgias foram realizadas de maio a agosto, revelou.

A criação de mais dez Unidades de Saúde Familiar, que serão criadas por decreto esta quinta-feira em Conselho de Ministros, prevê a participação do setor social e privado. Serão, numa primeira fase, 10 USF Modelo C a criar em Lisboa, cinco em Leiria e cinco no Algarve, sendo estas as regiões onde há mais pessoas sem médico de família.

Hoje foram conhecidos os números de utentes sem médico de família que aumentaram um milhão em cinco anos, situando-se em mais de 1,6 milhões de utentes em agosto.

Os partidos reagiram ao diagnóstico do Governo ao Programa de Emergência na Saúde, tendo a esquerda insurgido-se contra a "canibalização" do SNS. A deputada Marina Gonçalves, do PS, viu nesta conferência de imprensa “um assumir de culpas”, afirmou que o programa falhou e que a ministra veio mostrar isso mesmo, considerando que “a resposta para o falhanço do plano é um agravar das condições do SNS”.

Também a Associação das Unidades de Saúde Familiar veio rejeitar a criação de serviços com a intervenção dos setores social e privado. A atribuição de USF aos setores privado e social constitui uma tentativa de privatização de cuidados de saúde primários que “encerra imensos perigos”.

Dos perigos para a saúde dos portugueses, o inverno é sem dúvida a altura do ano em que se registam mais casos de doenças graves, nomeadamente, respiratórias. O Governo anunciou hoje que a vacinação contra a gripe e covid-19 vai começar ainda em setembro. Todas as pessoas com mais de 85 anos devem ser vacinadas. As farmácias continuam a ser opção para a inoculação.