À entrada para uma reunião da Concertação Social, o dirigente da UGT, Sérgio Monte, considerou que a greve convocada pelo Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) "é justa”, defendendo que o setor “há muito tempo que merecia preocupações”.
Afirmando que o salário base é de 630 euros para estes trabalhadores, que recebem grande parte do salário em ajudas de custo, o dirigente da UGT salientou que as reivindicações “são legítimas”, apesar de o momento da greve “talvez não ser o mais aconselhável” devido à Páscoa, altura em que muitas pessoas se querem deslocar.
Sérgio Monte acusou as empresas representadas pela Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) de estarem a “agudizar o conflito”, uma vez que se recusam a negociar com o sindicato enquanto estiver a decorrer a greve.
“Isso é uma posição anti-negocial”, considerou o dirigente da UGT.
Também o líder da CGTP, Arménio Carlos, disse que a associação empresarial “tem obrigação” de se sentar à mesa das negociações “sob pena de ser responsável pelo conflito”.
Arménio Carlos defendeu que, “se não se tomarem medidas rapidamente através de diálogo e da negociação” com vista a uma solução, corre-se “o risco de se prolongar e de se perturbar ainda mais a vida das pessoas, dos trabalhadores e da economia”.
Para o líder da intersindical, as reivindicações dos motoristas são legítimas pois há um “quadro de desvalorização das profissões” que se arrasta há anos, que leva a situações deste tipo.
“Neste quadro, o Governo tem o dever de chamar as partes para encontrar uma solução”, considerou Arménio Carlos.
Nesta altura decorre uma reunião no Ministério do Trabalho entre o sindicato e a ANTRAM, segundo fonte oficial.
A greve dos motoristas de matérias perigosas, que começou às 00:00 de segunda-feira, foi convocada pelo Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), por tempo indeterminado, para reivindicar o reconhecimento da categoria profissional específica.
Na terça-feira, gerou-se a corrida aos postos de abastecimento de combustíveis, provocando o caos nas vias de trânsito.
A Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (Apetro) informou hoje que não foi ainda retomado o abastecimento dos postos de combustível, apesar da requisição civil, e que já há marcas “praticamente” com a rede esgotada.
O primeiro-ministro admitiu hoje alargar os serviços mínimos e adiantou que o abastecimento de combustível está “inteiramente assegurado” para aeroportos, forças de segurança e emergência.
Na terça-feira, alegando o não cumprimento dos serviços mínimos decretados, o Governo avançou com a requisição civil, definindo que até quinta-feira os trabalhadores a requisitar devem corresponder “aos que se disponibilizem para assegurar funções em serviços mínimos e, na sua ausência ou insuficiência, os que constem da escala de serviço”.
No final da tarde de terça-feira, o Governo declarou a “situação de alerta” devido à greve, avançando com medidas excecionais para garantir os abastecimentos e, numa reunião durante a noite com a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) e o sindicato, foram definidos os serviços mínimos.
Militares da GNR estão de prevenção em vários pontos do país para que os camiões com combustível possam abastecer e sair dos parques sem afetarem a circulação rodoviária.
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