Engelhorn, tem 31 anos e vive em Viena, na Áustria e quer que 50 austríacos determinem como devem ser redistribuídos 25 milhões de euros da sua herança.
“Herdei uma fortuna e, portanto, poder, sem ter feito nada por isso”, disse numa declaração publicada no seu site.
“E o estado nem quer impostos sobre isto”, acrescenta.
A Áustria aboliu o imposto sobre heranças em 2008 e é um dos poucos países europeus que não impõe impostos sobre heranças - ou impostos sucessórios, algo que Marlene Engelhorn considera injusto.
Esta recém-milionária é descendente de Friedrich Engelhorn, fundador em 1865 da empresa química e farmacêutica alemã BASF, e herdou milhões quando a sua avó morreu em setembro de 2022.
A riqueza da avó Traudl Engelhorn-Vechiatto foi estimada pela revista norte-americana Forbes em 4,2 mil milhões de dólares (3,8 mil milhões de euros), e mesmo antes desta morrer já a neta tinha declarado que queria distribuir cerca de 90% da possível herança.
Na semana passada, 10.000 convites destinados a cidadãos austríacos selecionados aleatoriamente começaram a chegar em caixas de correio na Áustria pedindo voluntários para participar numa iniciativa a que Engelhorn chamou "Good Council for Redistribution", em que se podem inscrever online ou por telefone. Desta amostra inicial de 10.000 austríacos, todos com mais de 16 anos, serão escolhidas 50 pessoas, sendo também selecionados 15 suplentes em caso de desistência.
No manifesto, publicado no seu website sublinha que: “Se os políticos não fizerem o seu trabalho e não redistribuírem, então eu mesma terei de redistribuir a minha riqueza”. “Muitas pessoas lutam para sobreviver com um emprego a tempo inteiro e pagam impostos sobre cada euro que ganham com o trabalho. Vejo isto como um fracasso da política e, se a política falhar, os próprios cidadãos terão de lidar com isto", acrescenta.
Quem for selecionado, irá participar numa série de reuniões que serão realizadas em Salzburgo com académicos e organizações da sociedade civil, de março a junho deste ano. De acordo com os organizadores desta iniciativa, citados pelo canal britânico BBC, as reuniões serão livres de barreiras, com pessoas de todas as idades, estados e classes sociais. Além disso, os custos de viagem serão cobertos e os participantes receberão 1.200 euros por cada fim de semana que participarem.
Quem tiver filhos terá ainda acessível durante a reunião creches para deixar crianças e serão disponibilizados intérpretes para quem fale uma língua estrangeira.
Marlene Engelhorn acredita que estas discussões serão um “serviço à democracia” e que por isso quem participa nelas deve ser devidamente compensado.
Mais ainda diz que não terá "direito de veto”, ou seja, vai colocar os bens "à disposição dessas 50 pessoas e depositar nelas total confiança”.
Caso não se consiga chegar a uma decisão “amplamente apoiada” sobre o que fazer com o dinheiro, então o dinheiro volta novamente para Engelhorn.
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