Tal como o antecessor, François Hollande, eleito para a presidência da Cinquième République, a V República de França, no meio de uma grande impopularidade, não se recandidatou ao cargo. Os presidentes franceses podem fazer, no máximo, dois mandatos de cinco anos cada.
A esquerda (Parti Socialiste) e a direita (Les Républicains) comuns foram atiradas para longe dos lugares cimeiros nas sondagens ao longo da corrida e os resultados comprovaram isso mesmo: ganhou o liberal independente Emmanuel Macron e a líder de extrema-direita Marine Le Pen, no dia 23 de abril. São eles quem disputa a segunda volta este domingo, dia 7 de maio.
Num país onde o presidente é a mais relevante figura política, detendo importantes poderes, a escolha do rosto do Estado francês para os próximos cinco anos reveste-se de uma enorme importância, sobretudo quando França é um dos mais importantes países na Europa, tendo um papel chave no equilíbrio das relações (e tensões) entre norte e sul, este e oeste.
A corrida ao Eliseu, a casa do presidente da República Francesa, tem visto reviravoltas nos últimos meses. E nada garante que quem lidera as previsões seja de facto o vencedor. É que, como cá, caso não haja maioria, isto é, caso nenhum dos candidatos reúna mais de 50% dos votos há lugar para uma segunda volta entre os dois mais votados.
Na primeira volta, a 23 de abril, Emmanuel Macron (24,01%) e Marine Le Pen (21,30%), foram os dois candidatos mais votados, pelo que se enfrentam agora na segunda volta de 7 de maio.
Nunca, nas nove eleições na história da quinta república, que começou em 1958, alguém foi presidente logo à primeira volta. E em três dessas eleições, o vencedor da primeira volta não o foi na segunda. Foi isto que garantiu a presidência a Valéry Giscard d’Estaing, em 1974, a François Mitterrand, em 1981, e a Jacques Chirac, em 1995.
Este ano, houve onze candidatos presidenciais. Para chegar à fase final das eleições, cada candidato tem de recolher 500 assinaturas de responsáveis políticos eleitos, de pelo menos 30 departamentos (uma unidade territorial semelhante aos nossos concelhos) ou territórios ultramarinos.
No dia das eleições, as urnas abrem às 8h00 e fecham às 18h00, com exceção para as grandes cidades francesas, onde fecham apenas às 20h00, hora a que saem os primeiros resultados. Os departamentos ultramarinos, bem como os franceses fora do país, podem votar com um dia de antecedência.
Os meios de comunicação franceses estão proibidos pela lei do país de publicar sondagens e projeções à boca das urnas entre a meia-noite da sexta-feira que antecede a votação e as 20h00 do domingo eleitoral.
Todavia, em países francófonos vizinhos, como a Bélgica ou a Suíça, esses resultados são publicados com maior antecedência, já que a legislação francesa não se lhes aplica.
Na manhã da segunda-feira seguinte, os resultados já deverão ser seguros, porém, o resultado oficial deverá ser anunciado pelo Conselho Constitucional até dia 26 de abril, para a primeira volta, e até 17 de maio para a segunda. O vencedor toma posse numa cerimónia do palácio do Eliseu dez dias depois da segunda volta.
A campanha começou oficialmente a 10 de abril, mas ainda não convenceu todos os franceses a ir às urnas. Estudos de opinião em França diziam que apenas 65 por cento dos 47 milhões de eleitores planeia preencher o boletim de voto na primeira volta e cerca de metade dos eleitores inquiridos continuava sem ter a certeza de quem queria para presidente.
Na primeira volta votaram mais de 37 milhões de pessoas (77,77% dos inscritos), o que coloca a abstenção nos 22,23% - 10 milhões e 500 mil pessoas não votaram, segundo os dados do ministério do Interior francês.
Eleito por sufrágio universal, o chefe de Estado detém o poder executivo ao longo de cinco anos. Com o apoio do seu Conselho de Ministros, o presidente determina as políticas que regem o país. Para além disso, é também o comandante supremo das forças armadas.
Quem são os candidatos?
Quem quer que vença as eleições será confrontado com um país em crise. O desemprego jovem, as tensões que envolvem os migrantes e as minorias étnicas, a ameaça do terrorismo. Tudo isto são questões que marcam o debate que antecede a votação.
E as propostas são cada uma mais radical que a outra. Do encerramento completo atrás das fronteiras gaulesas, ao abraço da comunidade europeia, os onze candidatos a votos têm esgrimido argumentos sobre qual o melhor futuro para o país.
Principais candidatos:
- Marine Le Pen, Fron National (extrema-direita);
- Emmanuel Macron, En Marche! (centro);
- François Fillon, Les Républicains (direita);
- Jean-Luc Mélenchon, France Insoumise (extrema-esquerda);
- Benoît Hamon, Parti Socialiste, (esquerda).
(Ao longo dos próximos dias, o SAPO24 vai publicar perfis dos principais candidatos que poderá encontrar aqui)
Outros candidatos:
- Nicolas Dupon-Aignan, Debout La France (Levantar França);
- Nathalie Arthaud, Lutte Ouvriere (Luta Operária);
- François Asselineau, Union Populaire Républicaine (União Popular Republicana);
- Jacques Cheminade, Solidarité et Progrès (Solidariedade e Progresso);
- Jean Lassale, Resistons! (Resistir);
- Philippe Poutou, Nouveau Parti Anticapitaliste (Novo Partido Anticapitalista).
[atualizado a 3 maio 2017 com informações obre o resultado da primeira volta]
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