Entende a associação, segundo um comunicado hoje divulgado, que os biotrituradores são a melhor solução para a reciclagem dos sobrantes agrícolas e florestais, pelo que vai iniciar uma campanha para sensibilizar para a necessidade de apetrechar municípios com máquinas que estilhacem os sobrantes, em alternativa às queimas e queimadas em zonas de maior risco de incêndio.
A aquisição de biotrituradores devia decorrer, defende a Zero, de forma experimental, com posterior generalização.
“Com a implementação desta medida em cada uma das 1.114 freguesias prioritárias para efeitos de fiscalização da gestão de combustível no âmbito da prevenção de incêndios rurais, garantir-se-ia que, a prazo, existiriam condições para interditar estas práticas injustificadas, reduzindo em muito o número de ignições evitáveis e, muito provavelmente, a área ardida em territórios com maior vulnerabilidade”, justifica a Zero.
Citando dados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), a associação ambientalista salienta que entre 2010 e 2019 a média anual de incêndios originados em queimas e queimadas de é de 34%, acrescentando que queimar esses sobrantes, como por exemplo podas de oliveiras, “não tem qualquer justificação ambiental”.
“Não só constitui um comportamento de risco, mas também uma fonte de emissões atmosféricas, destruindo nutrientes e matéria orgânica essenciais aos solos. No caso das emissões de poluentes atmosféricos, estima-se que por cada 100 quilos de sobrantes agrícolas e florestais são emitidos 158 quilos de dióxido de carbono (C02), 10 quilos de monóxido de carbono, cinco quilos de compostos orgânicos voláteis não metânicos, 0,6 quilos de metano, 0,5 quilos de partículas finas, bem como benzeno, amónia, óxidos de azoto e carbono negro”, diz-se no comunicado.
Nas contas da Zero seriam necessários 16 milhões de euros de investimento inicial, que levaria a uma poupança de 48 milhões. E justifica os valores afirmando que cada biotriturador custa 15 mil euros, e que as perdas associadas a fogos originados em queimas e queimadas, partindo de dados oficiais, rondarão os 48 milhões de euros anuais.
“A Zero salienta que estes custos monetários não medem o custo das vidas humanas e da vida animal e a biodiversidade que se perdem nos incêndios, nem o custo psicológico para todos os que perderam os seus bens num incêndio, mas mostra como um pequeno investimento do Estado não constituiria apenas um encargo de curto prazo, mas sim uma poupança a longo prazo”, diz o comunicado.
A associação salienta ainda que os biotrituradores podem auxiliar a promoção da compostagem comunitária, podem ser uma alternativa ao encaminhamento de resíduos florestais para centrais de biomassa a longa distância, e podem ser financiados pelo Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos.
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