Armando Pinto, dirigente da associação, disse hoje que o objetivo é “chamar a atenção para o que se está a passar no concelho”, onde, para além do contrato já assinado entre a Lusorecursos Portugal Lithium e o Estado, para exploração na freguesia de Morgade, há ainda “mais oito pedidos de prospeção”.

De acordo com o Partido Ecologista Os Verdes, a Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG) confirmou a “pretensão da empresa Lusorecursos Portugal Lithium de vir a fazer novas intervenções de prospeção, na área pretendida para a mina do Romano, antes da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), ao abrigo de uma disposição prevista no contrato de exploração”.

“Destes pedidos, há três que já têm direitos de prospeção, ou seja, têm autorização por parte da DGEG para fazer a prospeção”, acrescentou Armando Pinto.

E continuou: “Olhamos para o mapa de Montalegre o que parece que sobra é apenas o Parque Nacional da Peneda-Gerês. A maior parte das freguesias já estão contempladas com pedidos de prospeção. Isto é preocupante”.

A concentração está marcada para a praça do município, de onde os participantes partirão para a zona da feira, aproveitando para entregar panfletos e alertar os muitos visitantes esperados e os emigrantes, que nesta altura regressam à terra natal, para as consequências da exploração mineira.

A população, nomeadamente das aldeias de Morgade, Rebordelo e Carvalhais, daquele concelho, opõe-se ao projeto, elencando preocupações ao nível da dimensão da mina e consequências ambientais, na saúde e na agricultura.

Em novembro, a Associação Montalegre com Vida interpôs uma ação administrativa com vista à anulação do contrato de concessão para a exploração de lítio assinado em março entre a Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) e a Lusorecursos Portugal Lithium.

A Lusorecursos informou que entregou a 06 de janeiro o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) à Agência Portuguesa do Ambiente para a mina de lítio em Montalegre, que confirma uma exploração mista, efetuando-se primeiro a céu aberto, até à cota de cerca de 920 metros, e passando depois para túnel.

Para além da exploração mineira, o projeto em Morgade (mina do Romano/Sepeda) inclui ainda a construção de uma refinaria nesta localidade do concelho de Montalegre, no distrito de Vila Real.

Na semana passada, 15 movimentos cívicos que se opõem à prospeção e exploração de lítio e de outros minerais lançaram um manifesto nacional a repudiar “veementemente” o plano de mineração que o Governo pretende desenvolver em nove áreas do país.

Foi também divulgado o nome dos nove lugares abrangidos pelo concurso público para exploração do lítio, para além dos dois contratos já anunciados em Montalegre e Boticas.

Serão abrangidas as áreas de Serra D’Arga, Barro/Alvão, Seixo/Vieira, Almendra, Barca Dalva/Canhão, Argemela, Guarda, Segura e Maçoeira.

O interesse pelo lítio português despertou em 2016, ano em que deram entrada 30 novos pedidos de prospeção e pesquisa deste metal, impulsionado pelo aumento da procura global devido à utilização nas baterias do automóvel elétrico.

Desde então, várias associações ambientalistas, câmaras municipais e população já se pronunciaram contra a prospeção e exploração de lítio, com o Governo a defender, por outro lado, que aquele recurso é essencial para a transição energética.