
Em declarações à agência Lusa, o pianista Adriano Jordão, um dos diretores artísticos do certame, a par do barítono russo Sergei Leiferkus, disse que o protocolo para outorgar o galardão que toma o nome do compositor brasileiro Carlos Gomes (1836-1896), criador de "O Guarani", “vai ser assinado em meados de abril em Manaus”.
O Prémio Carlos Gomes será atribuído por um representante do Festival de Ópera de Manaus que assistirá à final do concurso.
Adriano Jordão disse que o concurso Cascais Ópera é “um evento que veio para ficar”, acrescentando que a edição anterior correu “melhor do que pensava”.
O certame, na sua segunda edição, atribuiu no ano passado o Grande Prémio Égide, no valor de 10.000 euros, ao barítono sul-coreano Hae Kang, e os Prémios Tereza Berganza (melhor voz feminina) e Maurício Bensaúde (melhor voz masculina), cada um com o valor de 7.500 euros, respetivamente, à soprano portuguesa Sílvia Sequeira, e ao baixo-barítono sul-coreano Min Gil.
O pianista salientou que o festival faz parte da Ópera LatinoAmérica (OLA), a maior rede de teatros da América Latina que reúne mais de 45 teatros, festivais e companhias de ópera e outras disciplinas. Uma adesão que, defende o diretor artístico, fortalece o papel do Cascais Ópera no panorama internacional, proporcionando oportunidades de cooperação e intercâmbio cultural.
O concurso prepara a candidatura à World Federation of International Music Competitions, com sede em Genebra, “e tudo indica que seremos membros a partir de junho” próximo, antecipou Adriano Jordão. A única competição portuguesa que pertence a esta organização é o Concurso Internacional de Piano de Santa Cecília, no Porto.
Para o responsável este é um sinal efetivo da “alta qualidade” do certame. Como exemplo, Adriano Jordão cita o facto de alguns dos 44 candidatos iniciais não poderem afinal concorrer por entretanto já terem sido contratados para atuar em “salas de ópera de referência”, nos Estados Unidos e na Europa, nomedamente em Zurique, na Suíça, e em Viena, na Áustria.
Os que não vierem - pois “mais vale um pássaro mão que dois a voar”, segundo Jordão - serão substituídos pelos candidatos que ficaram na lista de suplentes.
Ao concurso foram apresentadas 340 candidaturas provenientes de 40 países, “um número recorde”, disse o diretor artístico.
Portugal, com sete candidatos, lidera a lista dos selecionados às semifinais, seguindo-se a Coreia do Sul com seis, a Rússia com cinco e a China com quatro. O pianista assinalou o elevado número de candidaturas portuguesas, 15, das quais metade vai às semi-finais.
As semi-finais realizam-se de 23 a 30 de abril próximo, no Centro Cultural de Cascais - Casas do Gandarinha, e são abertas ao público.
Paralelamente realizam-se 'masterclasses' orientadas pelos membros do júri que inclui, entre outros, a soprano Anna Samuil e a meio-soprano Jennifer Larmore. Este ano, foi ainda estendido o convite a Jorge Balça, “pela sua ‘expertise’ e doutoramento que explora o ensino dramático para intérpretes de ópera”.
A prova decisiva, com oito finalistas, realiza-se no dia 04 de maio, às 17:00, no grande auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Os candidatos vão prestar provas perante um júri presidido pelo barítono Sergei Leiferkus, constituído pela soprano Anna Samuil, da Ópera de Berlim, Eline de Kat, coordenadora artística da Ópera de Monte Carlo, Ivan van Kalmthout, ex-diretor artístico do Teatro Nacional de S. Carlos, a soprano Juliane Banse, a meio-soprano Jennifer Larmore e o produtor Pal Moe, da Ópera Glyndebourne, do Reino Unido.
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