“Independentemente de, neste momento, ser a área dos combustíveis aquela que está a ser mais atingida, isso, hoje em dia, é uma questão estrutural para a economia”, afirmou à Lusa João Vieira Lopes, admitindo que o “efeito económico [da paralisação] é negativo.
“O cumprimento dos serviços mínimos é útil, mas não satisfaz plenamente todas as necessidades, quer em termos de movimentação de cargas em todas as áreas, em particular a alimentar, quer para o transporte de passageiros, o turismo e a economia em geral”, disse o presidente da confederação.
“Mesmo garantindo os serviços mínimos, há muitas falhas, e, portanto, isto pode ter impacto no crescimento da economia”, acrescentou.
Referindo que não há, neste momento, grandes falhas nos transportes de mercadorias — setor que desconvocou a greve na quinta-feira — João Vieira Lopes lembra que continua a haver “menos combustível e limitações às vendas de combustível”.
Apesar dos serviços mínimos, “eu diria que, especialmente nos produtos frescos, a questão pode ser mais sensível”.
“Não prevemos nenhuma situação de caráter catastrófico, mas especialmente na área dos produtos perecíveis, que têm curta duração, e que se não forem entregues exatamente no dia ou não forem trazidos do campo exatamente no dia, poderá haver perdas significativas”, admitiu o presidente da Confederação do Comércio.
Os motoristas de matérias perigosas cumprem hoje o sexto dia de uma greve convocada por tempo indeterminado, depois de ter falhado um acordo mediado pelo Governo numa reunião que se realizou durante a tarde e madrugada de hoje e que durou cerca de 10 horas.
A falta de acordo foi comunicada pelo porta-voz do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e posteriormente confirmada pela Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) e pelo ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos.
“Trabalhámos em conjunto com o senhor ministro uma proposta que seria razoável para desbloquear a situação. A Antram rejeitou a proposta e a greve mantém-se”, afirmou à agência Lusa o representante do SNMMP, Pedro Pardal Henriques, no final da reunião.
Pardal Henriques adiantou que a Antram oficiou ao SNMMP “a mesma proposta que tinha oferecido à Fectrans [Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações] e ao Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias”.
“Não aceitamos essa proposta, porque não podemos concordar com aquilo que não entendemos ser um bom acordo”, continuou.
O porta-voz da Antram, André Matias de Almeida, considerou que a proposta que o sindicato apresentou ao Governo é “incomportável para as empresas” e discriminatória para os associados dos outros sindicatos do setor.
A Antram espera agora que, no plenário que o SNMMP vai realizar no domingo, em Aveiras de Cima (Lisboa), “haja uma sensibilização dos associados [do sindicato] e que possam compreender que as empresas estão no seu limite”, acrescentou.
A greve começou na segunda-feira, 12 de agosto, por tempo indeterminado, para reivindicar junto da Antram o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.
No final do primeiro dia de greve, o Governo decretou uma requisição civil, parcial e gradual, alegando incumprimento dos serviços mínimos que tinha determinado.
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