A televisão Al Jazeera, com sede no Qatar, tem estado a mostrar imagens de Cartum, sendo audíveis tiros e visíveis colunas de fumo em várias partes da capital do Sudão.
Também se viram jipes com homens armados a circular no aeroporto de Cartum.
O grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) disse que controla o aeroporto internacional de Cartum, o maior do Sudão, segundo a agencia espanhola EFE.
Reclamou também o controlo de outras bases militares do país africano apreendidas ao exército sudanês após confrontos de hoje de manhã, no que a EFE descreveu como uma grave escalada no país.
As RSF disseram num comunicado que conseguiram “expulsar os agressores do quartel-general das unidades nos campos de Soba [a sul de Cartum] e controlar o aeroporto de Cartum”.
Testemunhas relataram à EFE tiroteios nas proximidades do quartel-general do exército e da residência do líder militar e presidente do Conselho Soberano, Abdelfatah al-Burhan.
O exército fechou as estradas que conduzem ao Palácio da República com veículos blindados, de acordo com as mesmas fontes.
Num primeiro comunicado, as RSF acusaram o exército de ter atacado, hoje de manhã, o seu quartel-general no campo Soba, em Cartum.
Sitiaram “as forças presentes para as atacar com todo o tipo de armas pesadas e ligeiras”, segundo um comunicado do grupo liderado pelo vice-presidente do Conselho Soberano e número dois do exército, Mohamed Hamdan Dagalo.
As RSF descreveram a ação como um “ataque brutal” e apelaram “ao povo sudanês e à opinião pública internacional e regional para que condenem este comportamento cobarde”.
Apelaram também para a união num “momento histórico crítico”.
O porta-voz do exército sudanês, Nabil Abdullah, disse à rádio oficial Omdurman que foram as RSF a iniciar as hostilidades.
“As Forças de Apoio Rápido atacaram as nossas forças em vários locais, o que exigiu uma resposta”, afirmou, sem dar mais pormenores.
Há dois dias, o exército tinha alertado para uma “conjuntura perigosa” que poderia levar a um conflito armado, depois de unidades do RSF, o grupo paramilitar mais poderoso do Sudão, terem sido mobilizadas em Cartum e noutras cidades.
Dagalo manifestou, na sexta-feira, vontade de procurar uma solução para a tensão sem “derramamento de sangue”, de acordo com oficiais sudaneses que atuam como mediadores entre os militares.
A mobilização surgiu no meio das negociações para se chegar a um acordo político para pôr fim à revolta de 2021, um pacto cuja assinatura já foi adiada duas vezes, devido às tensões entre o exército e as RSF.
As RSF emergiram das milícias Janjaweed, acusadas de terem cometido crimes contra a humanidade durante o conflito do Darfur (2003-2008), segundo a EFE.
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