Num primeiro confronto armado no município de Técpan de Galeana, que envolveu polícias, duas pessoas morreram e outras quatro ficaram feridas.

Posteriormente, membros do Exército e da Guarda Nacional entraram em confronto com um grupo criminoso que tinha atacado anteriormente uma base militar na mesma área, matando 14 criminosos, detalha um comunicado.

"As autoridades dirigiram-se imediatamente ao local para prestar socorro à população", disse a secretaria de Segurança Pública local, que anunciou o envio de polícias estaduais e soldados para reforçar a vigilância.

Os confrontos em Técpan de Galeana aconteceram no mesmo dia que um carro-bomba explodiu em frente à sede da Secretaria de Segurança do município de Acámbaro, no estado de Guanajuato (centro), causando ferimentos em três polícias, uma das quais está em estado grave. O atentado também causou danos a quatro residências e sete veículos.

Uma segunda explosão foi registada mais tarde na localidade próxima de Jerécuaro, também em Guanajuato, e provocou danos materiais em imóveis nas cercanias.

As informações oficiais não detalharam quais grupos armados estão envolvidos nos incidentes de Guerrero e Guanajuato, onde há ampla presença de organizações criminosas dedicadas ao narcotráfico, à extorsão e outros crimes.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse na sua habitual conferência de imprensa que a Procuradoria Geral assumirá as investigações sobre o ataque em Acámbaro, enquanto a governadora de Guanajuato, Libia García, anunciou o envio de polícias e militares.

Os incidentes desta quinta-feira ocorrem em plena escalada de violência nos estados de Sinaloa (noroeste) e Chiapas (sul), onde no domingo passado foi assassinado o padre indígena e defensor dos direitos humanos Marcelo Pérez.

Sinaloa tem sido palco, há dois meses, de uma guerra entre facções do cartel de Sinaloa, que já deixou cerca de duzentos mortos, incluindo 19 supostos criminosos abatidos na última segunda-feira por militares.

Guanajuato, um próspero centro industrial que também abriga alguns destinos turísticos populares, como a cidade colonial de San Miguel de Allende, é atualmente considerado o estado mais violento do México, segundo estatísticas oficiais de homicídios.

A violência criminal neste estado é consequência do conflito entre o cartel local Santa Rosa de Lima e o Jalisco Nova Geração, um dos grupos criminosos mais poderosos do país.

Guanajuato — governado pelo partido conservador PAN — regista 1.863 homicídios até agora neste ano e cerca de 2.787 pessoas desaparecidas, de acordo com números oficiais. É uma das regiões onde o governo da esquerdista Sheinbaum anunciou que procurará reduzir os índices de violência.

No dia 4 de outubro, 12 corpos foram encontrados em diferentes pontos da cidade de Salamanca, em Guanajuato.

Um dia antes, quatro pessoas morreram e outras cinco ficaram feridas em um ataque a um centro de reabilitação para pessoas com dependência nesta mesma cidade.

Enquanto isso, Guerrero é um dos estados mexicanos mais afetados pela violência dos cartéis de drogas, devido à sua localização estratégica nas costas do oceano Pacífico.

No dia 6 de outubro, Alejandro Arcos, autarca da capital estadual, Chilpancingo, foi decapitado apenas seis dias após assumir o cargo. A sua cabeça foi colocada no tecto de um veículo.

Sheinbaum anunciou no dia 8 de outubro a sua estratégia contra o crime organizado, que inclui o fortalecimento da Guarda Nacional, a atenção às causas da violência, como a pobreza, ações de inteligência e a coordenação com os governos locais.

Ao mesmo tempo, advertiu que ao México "não voltará" a guerra contra o narcotráfico, em referência à polémica operação militar antidrogas iniciada em 2006, que resultou em mais de 450.000 assassinatos e cerca de 100.000 desaparecidos.