Na minha militância no CDS, nunca houve nem haverá lugar para ajustes de contas. A vingança é sempre o prazer de um espírito mesquinho e amedrontado", declarou, considerando que o momento do partido convoca a urgência de "mobilizar todo o partido para superar a dura realidade" do último ato eleitoral - em que perdeu representação na Assembleia da República.
E considerou que "procurar ajustes de contas só abriria novas feridas e causaria insanáveis tristezas e arrependimentos", dizendo não estar disponível para isso "hoje e para futuro".
Francisco Rodrigues dos Santos considerou que será "um ato de amor" qualquer "sacrifício pessoal" que faça e que "permita hoje hastear a bandeira da união", mesmo "com aqueles que nunca estiveram na disposição de o fazer" com a sua direção.
Naquela que foi a sua última intervenção enquanto líder, uma vez que se demitiu e não se recandidata neste congresso eletivo, Rodrigues dos Santos assumiu a responsabilidade "pelos erros cometidos" e manifestou a sua "frustração por não ter sido capaz de conduzir o CDS a um resultado honroso nas eleições legislativas".
"A minha decisão de não me recandidatar à presidência é, neste momento, o único ato ao meu alcance que me permite assumir as responsabilidades pelos erros de todos, libertá-los da culpa, e dar ao partido a oportunidade de inaugurar um novo ciclo sem traumas, concentrando-se na relevante tarefa de reafirmação", sustentou.
O presidente do CDS-PP dedicou também parte da sua intervenção a justificar o que correu mal, considerando que as causas "são vastas" e começaram com o último Governo PSD/CDS, devido à "impopularidade das inevitáveis políticas de salvação nacional", e passou também por uma "crise de descaracterização e deslumbramento que custou a perda de confiança no povo CDS e o nascimento de novas forças políticas".
"E, por fim, derrotámo-nos numa guerra interna sem precedentes, qual haraquíri partidário, onde o fogo amigo nos feriu de morte e nos alheou por completo do país", criticou.
Fazendo também uma análise do seu mandato, Francisco Rodrigues dos Santos afirmou que "a realidade mostrou-se cruel", afirmando que a sua direção herdou "um CDS falido, dois novos partidos" concorrentes, "o pior resultado de sempre em eleições europeias e legislativas", em 2019, a par da pandemia que "paralisou a afirmação da nova liderança no terreno".
A missão de recuperar o CDS era "uma tarefa quase impossível que, com o agravamento do ambiente interno se acabou por revelar manifestamente impossível", considerou.
O líder do CDS-PP chegou hoje ao 29.º Congresso, que decorre no Pavilhão Multiusos de Guimarães, cerca das 12:15, sendo aplaudido na sala, e saudado com gritos "Francisco, Francisco".
Minutos depois, entrou na sala o candidato à liderança do partido Nuno Melo, que foi recebido com a maioria dos delegados a aplaudir de pé.
Com poucos minutos de intervalo, os delegados gritaram "Francisco, Francisco" e "Nuno, Nuno" e depois "CDS, CDS".
Líder despede-se do congresso emocionado e diz que vai "continuar por aqui"
O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, despediu-se hoje dos militantes no 29.º Congresso visivelmente emocionado e disse que vai "continuar por aqui", acordado para o partido que é "a casa" dos seus valores.
"O CDS não se salva sozinho e precisa de todos. Quero garantir ao congresso que o CDS continuará a ser a casa dos meus valores a morada política do meu coração", afirmou.
Naquele que foi o seu último discurso enquanto líder do CDS-PP, que durou quase 20 minutos, Rodrigues dos Santos afirmou que nunca foi "de nenhum presidente" e sempre foi "do CDS".
"Não vou andar por aí porque sempre estive aqui e vou continuar por aqui, acordado para o meu partido e com a esperança de que daremos a volta por cima", salientou.
Quando terminou a sua intervenção, visivelmente emocionado, Francisco Rodrigues dos Santos acenou em despedida aos congressistas, tendo sido aplaudido de pé por grande parte do congresso.
Para o futuro, o presidente do CDS-PP deixou um conjunto de conselhos e fez um "derradeiro apelo": "só conseguiremos vencer os nossos desafios lá fora se corrigirmos os nossos erros cá dentro, e só corrigiremos os nossos erros cá dentro se soubermos quais foram".
Considerando que liderou o partido "apesar de tudo e contra muitos", realçou que "o CDS só terá futuro se não repetir as vergonhas do passado" e "só tem salvação se estivermos todos dentro do mesmo barco", defendendo que "só sobreviverá se for um partido popular e suportado pela suas bases, caso recuse ser um partido de grupo ou uma associação de egoístas que se comportam como se fossem donos do partido e que não toleram que um estranho à sua tertúlia ascenda à liderança".
Ressalvando que "um partido político não é um orfeão e que as vozes dos seus militantes não são um coro afiando e uníssono", Francisco Rodrigues dos Santos salientou que "o CDS não pode continuar a anular-se a si mesmo, dividido em vários quintaizinhos que se atacam uns aos outros, massacrando-se em jogos de subtração em que ninguém vence e o perdedor é inevitavelmente o CDS".
Como conselho para a próxima liderança, afirmou que "espera-se que acolha quem perde" e da nova oposição "pede-se que respeite quem ganhe", recusando uma "política do ódio".
"O próximo presidente do CDS não pode ter os seus adversários dentro do próprio partido, pois eles estão lá fora", considerou, que "mais nenhum presidente do CDS tenha de ouvir", como diz que ouviu, "que o grande objetivo da oposição é destruir o presidente, mesmo que para isso tenha de matar o partido primeiro".
O líder cessante disse ainda esperar que "mais nenhum presidente do CDS tenha de assistir" a militantes "ditos notáveis" a "proclamarem a irrelevância do partido" e a "desaconselharem o voto" no CDS em favor de outros partidos, ou ainda a "pedir a cabeça" do líder ao final de um ano de mandato.
E espera "firmemente ver respeitada e honrada" a escolha dos congressistas "durante os próximos dois anos" e que se aprenda "definitivamente a gostar do CDS, acima dos umbigos de cada um, pois só assim os portugueses reaprenderão a gostar do CDS".
Francisco Rodrigues dos Santos viu ainda como um bom sinal que "regressou o discurso da união e da construção" entre os candidatos à liderança, o que apelidou de um "salutar exercício de redenção".
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