Na reunião do comité central, no sábado à noite, Jerónimo de Sousa entendeu "não votar na sua própria candidatura", tendo sido eleito "por maioria, com um voto contra", de acordo com uma informação distribuída aos delegados e aos jornalistas, no congresso, em Loures, distrito de Lisboa.

Esta é a primeira vez, em todas as eleições, que Jerónimo de Sousa recebe um voto contra do comité central.

Em 2004, foi eleito por maioria, com quatro abstenções, nas três reeleições (2008, 2012, 2016) teve apenas uma abstenção. Desta vez, registou-se um voto contra e uma abstenção, a do próprio Jerónimo.

Escolhido pela primeira vez em 2004, Jerónimo foi reeleito por quatro vezes para liderar os comunistas portugueses, sucedendo a Carlos Carvalhas, que esteve no cargo 12 anos, de 1992 a 2004.

Operário e deputado à Constituinte, em 1975, Jerónimo de Sousa, 73 anos, torna-se assim no segundo secretário-geral há mais tempo à frente do partido (16 anos), depois do líder histórico do PCP Álvaro Cunhal (31 anos).

No sábado, o novo comité central, com 129 membros, foi eleito numa sessão fechada do congresso, no pavilhão Paz e Amizade, em Loures, Lisboa, com 98,5% dos votos. Dos 611 delegados, 603 votaram a favor, três contra e seis abstiveram-se.

Este congresso, envolto em polémica, criticado pelos partidos da direita, realizou-se em plena pandemia de covid-19 e em estado de emergência.

Até às vésperas do congresso, Jerónimo de Sousa admitiu continuar na liderança do PCP.

No discurso de abertura, na sexta-feira, Jerónimo avisou que o seu partido, tal como na legislatura passada em que participou num entendimento à esquerda com o PS, não foi "parte de uma alegada maioria" de suporte ao Governo, "mas sim força de oposição”.

“Oposição a tudo o que contrarie ou faça retroceder os interesses e direitos dos trabalhadores e do povo, e força indispensável para com a sua iniciativa se avançar na conquista de novos direitos", disse.

O congresso é encerrado pelo secretário-geral do partido e está previsto terminar às 12:30.