Foi esta sexta-feira que os Estados Unidos e o Reino Unido lançaram um ataque sobre o movimento Houthi, isto em resposta a outros ataques por parte deste grupo a navios no Mar Vermelho.

Quem são os Houthis?

O movimento Houthi, também conhecido como Ansarallah (Apoiadores de Deus), é um dos lados da guerra civil do Iémen que dura já há quase uma década. Os Houthis surgiram na década de 1990 para combater o governo do então presidente Ali Abdullah Saleh. Liderados por Houssein al Houthi, os primeiros integrantes do grupo eram do norte do Iémen e faziam parte de uma minoria muçulmana xiita do país, os zaiditas.

Os Zaidis, refira-se, governaram o Iémen durante séculos, mas foram marginalizados sob o regime sunita que chegou ao poder após a guerra civil de 1962. Alegadamente, o movimento de Al-Houthi foi fundado para representar os Zaidis e resistir ao sunismo radical.

Eles declaram-se parte do "eixo da resistência" liderado pelo Irão contra Israel, os Estados Unidos e o Ocidente em geral .

Neste momento o movimento, com cerca de 20 mil combatentes, é liderado por Ansar Allah.

Como ganharam poder?

Ali Abdullah Saleh, o primeiro presidente do Iémen, começou por apoiar o movimento de Houssein al Houthi, mas à medida que a popularidade do movimento cresceu, Saleh começou a vê-lo como uma ameaça. As partes separaram-se 'oficialmente' em 2003, quando Saleh apoiou a invasão do Iraque pelos Estados Unidos.

Os Houthis viram esta opção de Saleh como uma oportunidade, dado que a invasão não agradou a grande parte dos iemenitas, organizando manifestações. Um ano após a invasão dos EUA, Al-Houthi foi morto, em setembro de 2004, pelas forças iemenitas, mas o seu movimento acabou por sobreviver e tornar-se mais forte.

Começaram por assumir o controlo da província de Saada, no norte, em 2011, e três anos depois, em 2014, tomaram a capital, Sanaa, forçando o governo que era reconhecido internacionalmente a fugir mais para sul.

A Arábia Saudita, apoiada pelos EUA, entrou na guerra em 2015, liderando uma coalizão militar com os Emirados Árabes Unidos e outras nações árabes. Com o passar dos anos, o conflito tornou-se uma guerra indireta entre Arábia Saudita e o Irão, que apoiava os Houthis.

Quem tem o poder no Iémen?

Com o passar dos anos, a verdade é que nenhum dos lados tem obtido ganhos territoriais. Os Houthis mantêm o controlo do norte, Sanaa, e grande parte do oeste densamente povoado, ao passo que o governo e as milícias controlam o sul e o leste, incluindo as principais áreas centrais, onde estão a maior parte das reservas de petróleo iemenitas.

Neste momento decorre um cessar-fogo que tecnicamente terminou há mais de um ano, mas continua a ser respeitado e ambas as partes chegaram até a conversar sobre uma possível trégua. Oficialmente, contudo, não houve nada.

Oficialmente quem tem o poder é o governo, liderado pelo atual presidente e comandante em chefe, o marechal Abd Rabbuh Mansur Al-Hadi, que assumiu o cargo em 2012.

Quem os apoia?

Os Houthis são inspirados pelo movimento armado xiita no Líbano, o Hezbollah, que tem sido o principal fornecedor de formação militar ao movimento, tendo como apoiantes também o Hamas.

Contudo, há outro aliado do lado do grupo, concretamente o Irão, visto terem a Arábia Saudita como inimigo comum.

Qual a razão para os ataques no Mar Vermelho?

Desde novembro de 2023, os Houthis têm atacado navios que passam pelo Mar Vermelho, oficialmente como à guerra de Israel contra o Hamas, que é um dos seus aliados.

Apesar de manterem as tréguas no Iémen, o grupo prometeu continuar os ataques até que Israel interrompa o conflito em Gaza.

Esta sexta-feira foi a vez dos EUA e do Reino Unido atacarem os Houthis, isto após o movimento ter realizado o maior ataque nas rotas comerciais do Mar Vermelho desde novembro. Os aliados abateram 21 drones e mísseis lançados pelo grupo.