Um relatório da especialista em segurança contra incêndios, Barbara Lane, hoje divulgado, refere que só mais tarde é que os bombeiros mudaram de estratégia e recomendaram aos residentes para tentarem sair do edifício, que ardeu em 14 de junho de 2017.
O documento, apresentado como prova no inquérito público à tragédia que resultou em 72 mortos, indica que alerta para o incêndio foi dado às 0:54 horas, e que o conselho dado era para as pessoas "ficarem quietas", o qual só mudou quase duas horas depois, às 2:47 horas.
A especialista apontou também outras falhas, como o incumprimento em termos de segurança do revestimento externo, bem como das portas corta-fogo, o mau funcionamento dos elevadores e do sistema de abastecimento de água de combate a incêndios do próprio prédio.
Suspeita-se que o incêndio tenha começado num frigorífico com anomalia no quarto andar, mas que alastrou rapidamente aos andares superiores da torre de 25 pisos.
Barbara Lane entende que havia "uma cultura de não conformidade" com as normas de segurança, resumindo: "O invólucro do próprio prédio era portanto um grande perigo na noite do incêndio".
Ao todo foram apresentados hoje seis relatórios técnicos ao inquérito, que começou a estudar documentos sobre o acidente.
O inquérito liderado pelo juiz aposentado Martin Moore-Bick deve durar cerca de 18 meses e tem como objetivo identificar as causas do mais mortífero incêndio no Reino Unido das últimas décadas para assim evitar futuras tragédias.
Além de perceber porque é que as chamas se espalharam tão rapidamente, vão ser analisadas a atuação dos serviços de emergência e das autoridades locais e as regulamentações em vigor para a construção.
A audiência de segunda-feira segue quase duas semanas de tributos pessoais de amigos e familiares às vítimas com testemunhos, fotografias e filmes.
O primeiro foi o dos pais de Logan Gomes, o bebé nascido morto após a fuga da família do 21.º andar, que acabou com a mãe e irmã hospitalizadas por inalação de fumo.
O nascimento de Logan Gomes estava previsto para 21 de agosto de 2017, mas foi dado oficialmente como nado morto a 14 de junho e considerado pelas autoridades uma das vítimas do incêndio.
Além do casal Márcio e Andreia Gomes e as duas filhas menores, viviam na Torre Grenfell outros seis portugueses: Miguel e Fátima Alves e dois filhos, que viviam no 14.º andar, e outros dois amigos portugueses, residentes num apartamento vizinho, no mesmo andar.
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