Na terça-feira à noite, a Lusa já tinha noticiado que a Comissão Política Nacional do PSD apontava esta como a data mais provável para a reunião do órgão máximo do partido entre Congressos.

Na convocatória hoje enviada aos conselheiros nacionais, a que a Lusa teve acesso, a reunião prevê na sua ordem de trabalhos a análise da situação política, a convocação das eleições diretas para presidente do partido, aprovação do respetivo regulamento, bem como a marcação do 39.º Congresso do PSD.

A reunião ficou marcada para as 21:00 de 14 de outubro num hotel em Lisboa, sendo este o primeiro Conselho Nacional do PSD sob a liderança de Rui Rio, desde 2018, a realizar-se na capital, depois da vitória autárquica do social-democrata Carlos Moedas no domingo neste concelho.

Na reunião da direção de terça-feira, segundo relatos feitos à Lusa, foi feito um balanço sobre o resultado autárquico - positivo, tal como na noite eleitoral -, mas não se debateu uma eventual recandidatura de Rui Rio à presidência do partido.

Em comunicado hoje divulgado, o PSD reclama o cumprimento integral de todos os seus objetivos, como o aumento do número de câmaras municipais em 16% (de 98 para 114), o aumento do número de vereadores (mais 68), de deputados municipais (mais 114), de juntas de freguesia (mais 40) e de eleitos nas Assembleias de Freguesia (mais 195).

Segundo o PSD, o partido aumentou em mais 373 o número total de eleitos, num total de 13.423, e conseguiu uma “redução significativa da diferença para o PS”.

“Superou mesmo as expectativas na medida em que a diferença foi encurtada em cerca de metade (47%) da distância entre PS e PSD após as Eleições Autárquicas de 2017 sendo que, refira-se pela importância, se trata de uma redução para metade entre o melhor resultado de sempre do PS e o pior resultado de sempre do PSD”, destacam.

Com estes resultados, a direção do PSD reiterou as conclusões de Rio na noite eleitoral, considerando que o partido “reforçou significativamente a sua implantação autárquica, de que se destaca uma adesão evidente do eleitorado ao posicionamento do Partido Social Democrata no centro ideológico, no espaço da social-democracia”.

“O PSD está hoje, notoriamente, em melhores condições para ganhar a confiança dos portugueses nas disputas eleitorais que se avizinham”, refere.

Na madrugada de segunda-feira, Rio considerou que o partido teve “um excelente resultado”, que o coloca em “melhores condições de vencer as eleições” legislativas de 2023, mas não quis ainda confirmar se será recandidato à liderança do PSD, para não misturar temas da vida interna com as autárquicas.

O PS venceu as autárquicas de domingo com 149 câmaras (148 sozinho e uma em coligação) e o PSD conquistou 114 autarquias (72 sozinho e 42 em coligação), melhorando os resultados das autárquicas de 2013 e de 2017, e com a vitória dos sociais-democratas em Lisboa, Coimbra, Portalegre ou Funchal.

Na terça-feira, num artigo no jornal Público, o eurodeputado Paulo Rangel defendeu igualmente que “não é ainda o tempo” da clarificação ou debate interno no PSD, mas de fazer “uma análise fina e detalhada” dos resultados autárquicos

“A seu tempo, virá o ciclo eleitoral normal do PSD e, aí sim, cada militante será chamado a assumir as suas responsabilidades”, referiu, sem clarificar qual será o seu papel nesse ciclo.

Até agora, outros potenciais candidatos à liderança, como Luís Montenegro ou Jorge Moreira da Silva, mantêm-se em silêncio sobre as eleições autárquicas.

Em entrevista à TVI na segunda-feira, o antigo dirigente do PSD Carlos Carreiras disse acreditar que Rio pode sair da liderança do PSD, revelou que o seu ‘vice’ em Cascais, Miguel Pinto Luz, não avançará na corrida interna do partido e confirmou que existem “pontes” deste com Paulo Rangel.

Se se mantiver um calendário semelhante a 2018 e 2020, as diretas deverão realizar-se em meados de janeiro e o congresso cerca de um mês depois, com um espaço para uma segunda volta, caso haja mais de dois candidatos.

Nas autárquicas de domingo, e em relação a 2017, o PSD conquistou 32 novas autarquias, mas também perdeu 16, ficando com um saldo positivo de 16 em relação há quatro anos e vai liderar nove das 18 capitais de distrito (contra cinco do PS) e as duas capitais das Regiões Autónomas.

Em 2017, o PSD teve o seu pior resultado de sempre, que levou à demissão do anterior líder, Pedro Passos Coelho: os sociais-democratas conquistaram 98 presidências (79 sozinhos e 19 em coligação), perdendo oito câmaras em relação a 2013, quando totalizavam 106 concelhos.

Além de mais câmaras e mais eleitos do que nas duas últimas autárquicas, os sociais-democratas tinham também apontado como meta encurtar a distância para o PS, que passou de 63 para 35 com os resultados de domingo.