“Pode haver mais voos fretados para turistas e pessoas que residam em Portugal e estejam numa situação limite de vulnerabilidade”, afirmou à Lusa, por telefone, Eduardo Hosannah.

O cônsul adjunto acrescentou: “Se for necessário, pediremos autorização a Brasília para a realização de mais voos e ampliamos o contrato com a companhia aérea TAP”.

Quanto ao sexto e último dos voos fretados recentemente pelo Estado brasileiro para repatriamento de cerca de 1.600 viajantes do Brasil, retidos em Portugal na sequência das medidas de restrição e cancelamento de voos resultantes da pandemia da covid-19, o diplomata garantiu que se realizará “em breve”.

Em 16 de abril, dia em que partiram para São Paulo os dois primeiros voos da TAP, dos seis fretados pelo Governo brasileiro, num contrato num valor global de 1,4 milhões euros, a primeira secretária do consulado do Brasil em Lisboa disse que o sexto voo não era garantido que se visse a realizar.

“São seis voos. Em princípio, operaremos cinco e poderemos vir a operar um sexto, ao longo do mês de abril”, afirmou então à Lusa Izabel Cury.

Mas o sexto, adiantou na altura, “ainda não é certo que seja necessário”.

Todos os cinco voos já realizados tiveram como destino São Paulo e a bordo iam maioritariamente viajantes brasileiros, mas também cidadãos brasileiros residentes em Portugal que se encontravam em situação de vulnerabilidade.

“A maioria dos passageiros são turistas que ficaram retidos aqui, mas há casos de pessoas que no meio deste processo [da pandemia] foram perdendo completamente as condições de ficarem em Portugal, porque perderam os seus empregos e não têm condições de pagar a renda do próximo mês e que vieram entrando em contacto com o consulado”, admitiu então Izabel Curry.

No dia em que partiram os dois primeiros voos do aeroporto de Lisboa, como a Lusa verificou no local, uma boa parte das dezenas de passageiros que se encontravam na fila de espera para entrar na porta principal das partidas do aeroporto de Lisboa, não eram turistas, eram residentes sem emprego e estudantes universitários.

Hoje de manhã, na sequência de uma reportagem da SIC de domingo à noite no aeroporto da capital portuguesa, o consulado geral do Brasil em Lisboa emitiu um comunicado a esclarecer que contratou, até ao momento, seis voos de repatriamento dos quais cinco já chegaram ao seu destino, garantindo que o sexto será operado nos próximos dias.

“O critério adotado, à luz das circunstâncias que tornaram a medida necessária, foi o de contemplar nesses voos sobretudo aqueles viajantes que se viram retidos em território português devido ao cancelamento de voos comerciais, no contexto da epidemia da covid-19″, acrescentou ainda a nota.

Assim, “o embarque de passageiros de perfil diverso — notadamente aqueles residentes em território português, que não tinham chegado a adquirir bilhetes para regressar ao Brasil — somente se fez em atenção a circunstâncias humanitárias excecionais, sem jamais descaracterizar o propósito dos voos, que era justamente o de repatriar viajantes retidos em Portugal por cancelamentos de voos comerciais”, esclareceu o consulado.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 206 mil mortos e infetou quase três milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Perto de 810 mil doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 928 pessoas das 24.027 confirmadas como infetadas, e há 1.357 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.