Trump voltou a propor que os habitantes de Gaza, território em ruínas após 15 meses de guerra, vão viver na Jordânia e no Egito, dois países que já expressaram a sua oposição.

"Os Estados Unidos vão tomar o controlo da Faixa de Gaza", assegurou Trump na terça-feira, sugerindo uma "propriedade de longo prazo" para transformar o território na "Riviera do Médio Oriente".

Quais as principais reações às declarações de Trump?

Hamas

O movimento palestiniano "condena nos termos mais enérgicos as declarações de Trump com vistas a uma ocupação americana da Faixa de Gaza e o deslocamento do nosso povo".

Autoridade Palestiniana

"O presidente Mahmud Abbas e os líderes palestinianos rejeitam energicamente os apelos para tomar o poder da Faixa de Gaza e para tirar os palestinianos da sua terra natal", disse o porta-voz da Autoridade Palestina, Nabil Abu Roudeina.

ONU

O secretário-geral da ONU, António Guterres, vai pronunciar-se na sexta-feira contra qualquer tentativa de "limpeza étnica" em Gaza, anunciou o seu porta-voz, Stéphane Dujarric, à imprensa.

"É crucial permanecer fiel aos fundamentos do direito internacional. É essencial evitar qualquer forma de limpeza étnica", declarará Guterres nesse discurso, indicou o seu porta-voz.

Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que "quem tem que cuidar de Gaza são os palestinianos. O que eles precisam é de uma reparação de tudo aquilo que foi destruído".

Arábia Saudita

"A Arábia Saudita reafirma o seu repúdio categórico a qualquer violação dos direitos do povo palestiniano, seja pela colonização, anexação dos territórios ou deslocamento forçado de cidadãos", manifestou-se o Ministério das Relações Exteriores saudita.

Egito

O ministro egípcio das Relações Exteriores, Badr Abdelatty, insistiu na "importância de avançar rapidamente nos projetos de recuperação (...) sem que os palestinos abandonem a Faixa de Gaza".

Turquia

"A declaração de Trump sobre Gaza é inaceitável", disse o ministro das Relações Exteriores, Hakan Fidan. "Expulsá-los de Gaza é uma questão que nem nós, nem os países da região podemos aceitar", acrescentou, referindo-se aos palestinianos residentes no território.

China

"A China sempre apoiou o facto de que um governo palestiniano dos palestinianos era o princípio básico do governo de Gaza no pós-guerra e vamos opor-nos à transferência forçada dos habitantes de Gaza", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian.

Emirados Árabes Unidos

Os Emirados Árabes Unidos rejeitaram a proposta e expressaram o seu "repúdio categórico a qualquer violação dos direitos inalienáveis dos palestinianos e qualquer tentativa de deslocamento".

Liga Árabe

A Liga Árabe, bloco formado por 22 países, afirmou, num comunicado, a sua oposição à proposta, que afirmou ser uma "receita para a instabilidade".

Rússia

Um "acordo no Médio Oriente só pode ser feito sobre a base de dois Estados", um israelita e outro palestiniano, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

França

"A França opõe-se plenamente ao deslocamento de populações", disse a porta-voz do governo francês, Sophie Primas, qualificando as declarações de Trump de "perigosas para a estabilidade e para o processo de paz".

Reino Unido

Os palestinianos de Gaza "devem poder retornar aos seus lares, devem poder reconstruir e devemos estar com eles nesta reconstrução, no caminho para uma solução de dois Estados", disse o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer.

Alemanha

A Faixa de Gaza "pertence aos palestinos" e "deve", assim como a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, "fazer parte do futuro Estado palestiniano", disse a ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock.

Espanha

"Gaza é a terra dos palestinianos gazeus, os gazeus palestinianos devem permanecer em Gaza. Gaza faz parte do futuro Estado palestiniano no qual a Espanha aposta", disse o ministro espanhol das Relações Exteriores, José Manuel Albares.

Portugal

O primeiro-ministro português condenou hoje “qualquer intervenção, propósito ou intenção de haver uma limpeza étnica” na Faixa de Gaza, mas rejeitou retirar “conclusões precipitadas” das declarações do Presidente dos Estados Unidos da América.