"A nossa presença aqui visa precisamente continuar a marcar a emergência climática que vivemos, a marcar aquilo que é o combate das nossas vidas, que é o combate das alterações climáticas", declarou André Silva.

O deputado do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) referiu que, no âmbito da problemática das alterações climáticas, "o mundo está a 10 anos do ponto de não retorno", pelo que são necessárias "mudanças drásticas, difíceis e corajosas em todos os pilares da economia".

Para André Silva, daqui a uma década "podemos ter um sistema climático completamente diferente daquele que hoje conhecemos e que coloca em causa a própria sobrevivência da espécie" humana.

André Silva aproveitou para criticar o primeiro-ministro português, António Costa, por dizer na cimeira que tudo está bem em Portugal, mas no "regresso ao país fazer exatamente o contrário".

O dirigente do PAN chamou a atenção para relatórios que indicam as zonas que vão ficar inundadas nas próximas décadas e criticou que o governo português tenha avançado para a construção do aeroporto do Montijo sem fazer uma avaliação do impacto ambiental.

Também na agricultura, segundo André Silva, Portugal está a "cometer erros ao praticar agricultura de regadio a sul do paralelo 40 (Figueira da Foz)" quando se prevê que possa ocorrer uma seca severa, criticando a cultura do olival intensivo de regadio na região sul do país.

"Há aqui um contrassenso", alegou, referindo que Portugal está a fazer uma "política agrícola contraproducente", mormente com as estufas na costa vicentina. Outra das críticas foi dirigida aos campos de golfe no Algarve, uma região em que há populações que são abastecidas de água por autotanques para satisfazerem as suas necessidades mais básicas.

A substituição da indústria de carvão ainda existente em Portugal pela energia solar foi outra das prioridades apontadas pelo porta-voz do PAN.

A Marcha pelo Clima está a decorrer em Madrid, à margem da cimeira sobre alterações climáticas (COP25), com a presença de dezenas de milhares de pessoas e a presença da mediática jovem ambientalista Greta Thunberg acabada de chegar de Lisboa.

A Marcha pelo Clima e uma cimeira social que começa no sábado vão dominar a agenda paralela à 25.ª Conferência das Partes (COP25) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, que começou em 02 de dezembro e vai prolongar-se até 13 de dezembro em Madrid.

A cimeira foi transferida de urgência, em 01 de novembro para Madrid, depois de o Chile ter anunciado que renunciava à sua organização, devido à contestação social sem precedentes no país.