Catarina Martins falava aos jornalistas antes de participar na Marcha pelo Clima, que hoje junta na capital espanhola milhares de pessoas.

“Não podemos ficar pelas palavras”, disse Catarina Martins, acrescentando que “é mesmo preciso alterações de fundo na economia” e frisando que a solução não pode ser o mercado do carbono (um dos temas em discussão na cimeira da ONU, que começou na segunda-feira e termina no final da próxima semana).

No mercado do carbono basicamente quem tem mais dinheiro, os países mais ricos, as empresas mais ricas, “paga aos outros para continuar a poluir. Nós não precisamos que a poluição seja paga, precisamos é de a travar. É a única forma de parar o aquecimento global. Não se paga ao clima. O mercado do carbono o que faz é continuar a poluir”, afirmou.

E depois outra preocupação do BE, a floresta tropical, como a da Amazónia, a ser destruída “pelo agronegócio”. Jair Bolsonaro, Presidente do Brasil, “é o exemplo mais terrível do que pode acontecer”, advertiu a coordenadora do BE, acrescentando: “esta COP tem também de ser uma COP de defesa dos povos do sul, de defesa da floresta tropical”.

Catarina Martins não desvaloriza a cimeira, este ano em 25.ª edição, até porque “é o único espaço multilateral, com todos os países”, para discutir as alterações climáticas e responder à emergência climática.

Mas a verdade, frisa, é que os governos “têm sido incapazes de ter metas vinculativas e políticas sérias para travar o aquecimento global”.

E o Governo português? Catarina Martins responde que já foram dados “alguns passos”, como fechar mais cedo do que inicialmente previsto as centrais a carvão, mas diz “não é o caminho” que o país precisa para o futuro alargar um aeroporto e construir outro, em vez de apostar na ferrovia.

E advertiu ainda que as infraestruturas nacionais não estão preparadas para os fenómenos climáticos extremos, que vão ser cada vez mais frequentes.