“Esta edição fez-se com metade do orçamento e claro que isso se refletiu de diversas formas. O corte orçamental sentiu-se na transmissão do evento, por exemplo, que sofreu alterações, e também noutros pormenores, como o número de manequins a desfilar”, disse o presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), Alexandre Meireles.
Em entrevista à Lusa sobre o balanço da última edição do Portugal Fashion, que decorreu entre 11 e 15 de outubro no Porto, Alexandre Meireles admitiu que os cortes orçamentais obrigaram a várias alterações no evento de moda e que, sem a ajuda da Câmara Municipal do Porto, não teria acontecido.
“Esta edição foi uma edição de compromisso, assegurada por nós, com o apoio de financiamento privado e da Câmara Municipal. É incontornável, dados os desafios que enfrentámos nesta edição, agradecer a todos os nossos patrocinadores, em especial à Câmara Municipal do Porto e ao presidente Rui Moreira, por todo o apoio dado a esta edição”, realçou Alexandre Meireles.
O Portugal Fashion tem em média um orçamento de cerca de 900 mil euros, mas nesta 51.ª edição teve um montante disponível de 450 mil euros, um corte justificado com o fim dos fundos europeus do Portugal 2020 e pelo facto de ainda não terem aberto as candidaturas para o Portugal 2030.
A 51.ª edição do Portugal Fashion ficou marcada por um novo modelo de apresentação dos desfiles de moda, que, em vez de se concentrarem no edifício da Alfândega do Porto, como vem sendo habitual nos últimos 25 anos, passou a apresentar as novas coleções dos ‘designers’ de moda em vários locais da cidade, como por exemplo no Mercado do Bolhão, Reitoria da Universidade do Porto ou Palácio da Bolsa.
“Espalhámos o evento por toda a cidade e conseguimos mostrar o que de melhor se faz ao nível da moda em Portugal pelas ruas da cidade, e as pessoas reagiram muito bem a isto”, assumiu Alexandre Meireles.
Questionado sobre quando é que o Portugal Fashion se poderia candidatar ao próximo quadro comunitário, Alexandre Meireles referiu que a indicação que recebeu, após uma audiência com o ministro da Economia, é que “até ao fim do ano deverá abrir novo concurso do fundo comunitário Portugal 2030”.
“Falamos de um financiamento semelhante ao do quadro comunitário Portugal 2020. A candidatura terá de ser aprovada, segundos os trâmites normais, que implicam que o Portugal Fashion esteja à altura de um desafio constante que possa mostrar a capacidade de tem de renovação e de atração de investimento estrangeiro”.
Sobre os valores a que se irá candidatar, o presidente da ANJE explicou que apesar da indicação dada na reunião com o ministro de que a candidatura pode ser “semelhante à anterior” do Portugal 2020, será necessário aguardar pela abertura do novo quadro para “perceber o orçamento final do Portugal Fashion”.
“Se o Portugal Fashion acabasse, teríamos marcas e ‘designers’ sem palco, porque não teriam capacidade para apresentar o que de melhor se faz em Portugal e de expor em mostras internacionais”, afirmou.
O presidente da ANJE defendeu uma abordagem ao apoio da moda semelhante ao que se faz noutros países, onde a lógica de aplicação de fundos não é exatamente igual a Portugal: “Há países que definem esta área como um apoio estratégico, alocando fundos específicos para o setor da moda, incluindo uma atenção particular à moda de autor e às suas especificidades”.
Segundo dados do presidente da ANJE, o Portugal Fashion, ao longo os últimos cinco anos, gerou, mesmo com a pandemia da covid-19, um “impacto de 45,4 milhões de euros no valor acrescentado bruto português” e sustentou anualmente entre “170 e 449 postos de trabalho”.
“No período pré-pandemia, anualmente, o impacto excedeu sempre 10 milhões de euros de valor acrescentado bruto e cerca de 400 postos de trabalho”, concluiu.
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