Respondendo àqueles que o acusam de “chantagem” por falar dos milhões do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) – em referência às críticas que tem recebido nos últimos dias de figuras do PSD como o seu líder, Rui Rio, ou o eurodeputado Paulo Rangel –, e de anunciar obras que "só são feitas se a câmara continuar a ser do PS", o secretário-geral do PS destacou o “grau de absoluta impreparação da oposição”.
"[O PRR] não é promessa, é um compromisso que já está contratualizado. E não, não é chantagem, porque a obra faz-se ganhe quem ganhar as eleições. Mas não é indiferente [quem ganha] porque o que está aqui verdadeiramente em causa, é percebermos o grau de absoluta impreparação da oposição, que não percebe sequer o que é o PRR e aquilo que é a missão patriótica que hoje todos temos de o pôr em marcha, para bem de Portugal, para bem dos portugueses e para bem da posteridade das próximas gerações", salientou António Costa.
Num discurso de 20 minutos em Viana do Castelo – onde participava num comício com o candidato à Câmara Municipal local, Luís Nobre -, António Costa defendeu que o PRR "não é uma folha em branco à espera de imaginação”.
“O PRR é um contrato que o Estado português já assinou com a União Europeia (UE), que já identificou os projetos que vão ser realizados, as verbas que vão ser financiadas, já fixou o calendário. E mais: o financiamento só vem se nós formos cumprindo passo a passo o calendário com que acordámos e formos atingindo as metas com que nos comprometemos”, salientou.
Apesar de afirmar que, durante a campanha, se tem abstido de “atacar os adversários” porque o que lhe compete é “dizer aos portugueses” o que o PS propõe “fazer no país”, António Costa reforçou as críticas, afirmando achar “extraordinário” que, “quando a Europa se conseguiu unir toda, 27 países, para construir à escala europeia um plano que permita recuperar” as economias do continente e “tornar todos os países da Europa mais fortes”, a oposição o acuse agora de estar “obcecado em executar o PRR para ajudar a recuperar” a sociedade portuguesa e tornar a “economia mais forte”.
“E acho ainda mais extraordinário quando aquilo que ainda há poucos meses nos diziam era que não íamos ser capazes de executar o PRR, que havia muito pouco tempo para o executar, e agora acusam-nos de ter pressa e executar aquilo que tinham medo de não sermos capazes de executar a tempo e horas”, indicou.
Relembrando a crise do euro, António Costa saudou a Europa por ter respondido “de forma diferente à que tinha respondido” no início da década passada, e afirmou que “uma coisa muito clara para toda a gente em Portugal” é que a resposta dada durante a pandemia também não teve “nada a ver com a resposta que foi dada da crise anterior”.
“A grande lição que temos a tirar é que às crises não se responde com austeridade, às crises responde-se com solidariedade, às crises não se responde com aumento de impostos, cortes de pensões e cortes de salários. Responde-se com a solidariedade de todos nos apoiarmos uns aos outros”, frisou.
Nesse sentido, o secretário-geral do PS apelou a que os portugueses não “corram o risco” de deixar de percorrer o “caminho certo”, porque foi através deste que Portugal virou a “página da austeridade”, que enfrentou a pandemia, que se “bateu em Bruxelas para que existisse o PRR”.
“E é continuando a percorrer o caminho certo que nós vamos cumprir, contra ventos e contra marés, aquilo que nos comprometemos e não vamos atrasar o desenvolvimento do nosso país nem deixar de cumprir o nosso compromisso com as novas gerações, que é entregar-lhes um país mais próspero, mais moderno, mais desenvolvido, com mais oportunidades onde possam viver mais e melhor”, frisou.
Na terça-feira, Rui Rio afirmou, na Guarda, que “não é correto misturar na campanha a função de primeiro-ministro com a de secretário-geral do PS” ao falar dos milhões do PRR.
“O primeiro-ministro, o PS não têm feito outra coisa que não chegar aos diversos concelhos e dizer que têm não sei quantos milhões para ali”, criticou novamente Rui Rio na quinta-feira.
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