António Costa fez esta interpretação do discurso de Marcelo Rebelo de Sousa na posse do XXII Governo Constitucional, no sábado, no Palácio Nacional da Ajuda, quando entrava para a reunião da Comissão Nacional do PS, em Santarém.

Confrontado com a parábola usada pelo Presidente da República de que o segundo vinho pode ser melhor do que o primeiro, embora tal seja raro - isto, numa alusão aos governos -, o secretário-geral do PS usou o humor e defendeu que "a qualidade do vinho só se sabe depois de provar".

"Portanto, vamos ter quatro anos para poder abrir a garrafa, ver pelo cheiro da rolha se o vinho está em bom estado e deixar o vinho abrir para o podermos devidamente cheirar antes de fazer a prova. É um longo período de prova do vinho. Daqui a quatro anos os portugueses dirão se o segundo vinho foi ou não melhor do que o primeiro", respondeu.

Questionado sobre o aviso feito pelo chefe de Estado de que os recursos não são suficientes para responder a todas as expectativas dos portugueses, o líder socialista disse entender esse recado "não para o Governo", porque o seu executivo "tem bem consciência dos recursos que há".

"Entendo que foi uma mensagem geral para a sociedade, explicando que, felizmente, hoje, virámos uma página, que o país está numa situação incomparavelmente melhor, embora não se esteja no paraíso. Temos de continuar a olhar para o dia-a-dia", argumentou.

Neste contexto, o secretário-geral do PS referiu que, no sábado, advertiu que o país tem pela frente "uma trajetória ainda longa", apontando, como exemplo, o objetivo do seu Governo de reduzir a dívida para um patamar inferior a 100% do Produto Interno Bruto em 2023.

Ou seja, segundo António Costa, "essa mensagem do Presidente da República foi menos para o Governo e mais para a sociedade portuguesa em geral".

"Há boas razões para ter confiança e esperança no futuro, mas é preciso ter a razoabilidade de perceber que não estamos no paraíso", acrescentou.