Estas posições foram preconizadas por António Costa em duas cerimónias realizadas na tarde do seu primeiro dia de presença em Goa, o quinto da sua visita de Estado à Índia, que termina na quinta-feira.
Sempre acompanhado pelo ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, o primeiro-ministro presidiu ao início da tarde à inauguração das novas instalações do Centro da Língua Portuguesa, tendo seguido, depois, para o Palácio Shah de Pangim, onde foi alvo de uma homenagem por parte de representantes da sociedade civil goesa.
Nesta cerimónia, foi também homenageado o seu pai, Orlando Costa, goês, cresceu em Margão, através do lançamento em língua inglesa da sua obra “Sem flores nem coroas” – uma obra escrita para peça de teatro que aborda o último dia do poder colonial português em Goa, em dezembro de 1961.
António Costa fez a seguir uma breve intervenção em que frisou precisamente que o seu objetivo político não é o de “reviver o passado” de Portugal em Goa, mas o de projetar “a herança cultural comum”.
“Devemos tirar partido da nossa História comum para abrir portas para uma parceria do século XXI. A parte da minha visita em Nova Deli teve uma forte componente política, em Bangalore estive com a diáspora indiana e na terça-feira participei na conferência mundial económica do Gujarat [em Ahmedabad]”, declarou o primeiro-ministro.
Mas a intervenção de António Costa perante os representantes da sociedade civil goesa teve também uma vertente “emocional”, sobretudo, quando se referiu ao percurso literário do seu pai.
“O meu pai saiu de Goa, mas Goa nunca saiu dele. Goa esteve sempre presente nos seus trabalhos”, disse, depois de intervenções de vários representantes de entidades goesas que se referiram ao antigo Presidente da República, Mário Soares, que faleceu no passado sábado, como “um arquiteto da democracia”.
No primeiro ponto do programa da tarde de hoje, a inauguração das novas instalações do Centro da Língua Portuguesa, António Costa fez um breve discurso para evidenciar “o caráter global da língua portuguesa”.
“A língua portuguesa será em breve falada por 360 milhões de pessoas, em todos os continentes. É uma ferramenta para a globalização”, sustentou.
Neste contexto, o primeiro-ministro manifestou-se convicto que a Índia será uma das potências emergentes que estará na liderança do processo de globalização no século XXI.
“A língua não serve somente para manter viva a memória do passado, mas igualmente para nos projetar para o futuro. Assim, Portugal ficará mais perto da Índia e a Índia mais próxima de todo o mundo”, acrescentou, tendo a ouvi-lo na plateia uma prima sua em segundo grau, Lurdes Noronha, de 57 anos, que trabalha na empresa de eletricidade de Goa.
Antes, o diretor do Centro de Língua Portuguesa, Delfim Correia da Silva, também docente na Universidade de Goa, referiu-se à circunstância da inauguração das novas instalações ter sido antecipada um dia, já que apenas estava prevista para quinta-feira,
Sendo esta quarta-feira dia de luto nacional pela morte de Mário Soares, o primeiro-ministro, em contrapartida à antecipação desta inauguração, decidiu adiar para quinta-feira a visita a pé à zona monumental da Velha Goa, assim como o passeio a pé pelo centro histórico das Fontainhas em Pangim – iniciativas em que é esperado contacto popular.
Na sua intervenção, o diretor do Centro de Língua Portuguesa disse que o objetivo da sua entidade é “assumir-se como um farol do português para os orientalistas”.
Mais tarde, em declarações aos jornalistas, Delfim Correia da Silva deixou alguns elogios ao ministro da Cultura, que desempenhou as funções de embaixador de Portugal na Índia entre 2007 e 2011, referindo que o orçamento da sua entidade vai aumentar em 2017, o que lhe dará um maior alcance em termos de iniciativas.
“Para nós, é muito importante que o nosso centro seja reconhecido também pelas autoridades locais”, justificou.
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