“Na salvaguarda da saúde pública, decidimos testar preventivamente antes do fim dessa quarentena, no sentido de precavermos alguma situação que possa acontecer e que possa propiciar o término dessa quarentena antes do que está previsto. Antecipadamente fizemos essas colheitas de amostras biológicas para prevenir alguma situação que possa acontecer”, adiantou o responsável máximo da Autoridade de Saúde Regional.
Tiago Lopes, que é também diretor regional da Saúde dos Açores, falava, em Angra do Heroísmo, num ponto de situação sobre a evolução do surto da covid-19 na região.
O jornal Açoriano Oriental avançou hoje que o Tribunal de Ponta Delgada estava a avaliar um pedido de “habeas corpus” apresentado por um cidadão em confinamento numa unidade hoteleira, que acusa as autoridades de abuso de poder.
Há cerca de uma semana também o advogado Pedro Gomes disse ter formalizado uma queixa à Provedoria de Justiça, por considerar a decisão do Governo Regional “inconstitucional”.
Questionado pelos jornalistas, o responsável da Autoridade de Saúde Regional admitiu que foram as queixas em tribunal que motivaram a realização de testes de despiste de infeção pelo novo coronavírus, antes de terem sido cumpridos os 14 dias de confinamento.
“Infelizmente, temos de trabalhar em várias frentes. Não bastava já a do novo coronavírus, temos depois também aspetos da própria sociedade e as dificuldades que nos surgem por via daquilo que são os entendimentos e desentendimentos e a colaboração ou falta de colaboração de diversos intervenientes e de diversos setores da sociedade”, apontou.
Tiago Lopes disse que as queixas em tribunal são uma “dificuldade extra” no combate à covid-19, mas salientou que a Autoridade de Saúde Regional está a acautelar os cenários possíveis e a preparar respostas, para precaver situações que “possam causar danos à saúde pública”.
“O nosso maior foco e a nossa maior preocupação é a salvaguarda da saúde pública. Pese embora todas as tentativas que possam estar a tentar fazer para levar a cabo outros intentos, o nosso interesse maior é efetivamente conter a propagação e disseminação do novo coronavírus, dando continuidade ao trabalho que fizemos até ao momento”, frisou.
O diretor regional da Saúde não revelou quais as soluções ponderadas para dar resposta a um possível cancelamento das quarentenas em hotéis, mas ressalvou a importância da medida, alegando que os Açores têm hoje o mesmo número de casos positivos ativos que tinham no dia 27 de março, 12 dias depois do primeiro caso registado no arquipélago.
“A verdade é que, da análise que temos feito, e que qualquer um poderá fazer dentro daquilo que temos apresentado diariamente da evolução do surto, facilmente se poderá comprovar que foi uma medida que coadjuvou de forma significativa a contenção do surto aqui na região”, afirmou.
Desde o início do surto foram confirmados 145 casos da covid-19 nos Açores, 25 dos quais atualmente ativos, tendo ocorrido 104 recuperações (65 em São Miguel, 11 na Terceira, sete no Pico, seis em São Jorge, três no Faial e três na Graciosa) e 16 mortes (em São Miguel).
A ilha de São Miguel é a que registou mais casos (107), seguindo-se Terceira (11), Pico (10), São Jorge (sete), Faial (cinco) e Graciosa (cinco).
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