Em declarações à agência Lusa, Xavier Barreto, da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), disse que os hospitais já faziam essa gestão noutras vagas na pandemia, embora em menor dimensão, dando o exemplo de alguns tratamentos.

“No hospital onde trabalho [Centro Hospitalar e Universitário de São João](…) tínhamos já áreas especificas, por exemplo, para tratamentos em hospital de dia, quando o doente tem mesmo de fazer um determinado fármaco por via endovenosa todas as semanas. Nestes casos, criámos uma área especifica onde esses doentes são tratados, para não correr o risco de infetar outros doentes”, explicou.

Questionado sobre se esta situação poderá implicar uma revisão das regras que definem o circuito dos doentes nos hospitais, o especialista remete a resposta para a Direção-Geral da Saúde (DGS), mas diz que não é por isso que os hospitais deixam de responder.

“A disseminação da infeção é tanta que os doentes não são internados por complicações associadas à covid, mas por outros motivos, ainda que depois se revele que estão positivos. E é natural que os hospitais comecem a segmentar essas áreas”, acrescentou.

O jornal I escreve hoje que os nos hospitais de Santa Maria (Lisboa) e São João (Porto) são já mais de metade os internamentos em enfermaria covid de doentes admitidos por outras causas, como, por exemplo, cirurgias.

Acrescenta ainda que o Hospital de Santa Maria já teve de abrir uma enfermaria específica para doentes que são admitidos para serem operados e que, ao serem testados para a covid-19 (protocolo antes do internamento), acusam positivo.

Xavier Barreto reconhece que este é “um desafio acrescido”, mas sublinha que, embora agora a dimensão destes doentes seja maior, os hospitais já encontravam solução para estes casos.

“Os hospitais têm feito essa adaptação (…), designadamente com áreas específicas para estes doentes, (…) reservando enfermarias para doentes internados não por covid-19, mas com covid-19”, afirmou Xavier Barreto, acrescentando que a APAH não tem indicação de paragem da atividade programada por sistema.

“Admito que num ou noutro hospital, com maior ocupação nas unidades de cuidados intensivos, o desafio seja maior, mas não tenho informação de paragem na atividade programada, que noutras vagas acabou por se ditada mais pela ocupação nos intensivos (...) e esses não têm tido um crescimento exponencial”, afirmou.