"Janeiro e fevereiro foram meses de excelente comportamento, com muitas marcações", mas a situação a partir deste mês e para a Páscoa "ainda não é de cancelamentos, mas é de quebra de reservas", disse hoje à agência Lusa António Lacerda, diretor executivo da Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo.
Segundo o responsável da agência que tem a seu cargo a promoção turística do Alentejo no estrangeiro, as reservas "aconteceram a bom ritmo nos meses de janeiro e fevereiro e tudo fazia esperar que fosse um ano fantástico", mas "estão a diminuir".
"Efetivamente, as reservas não estão a acontecer, estão a diminuir, muitos operadores deixaram de ter reservas, mas os cancelamentos ainda não são tão significativos", disse António Lacerda.
Nos primeiros dois meses deste ano, houve cancelamentos de reservas de turistas chineses, que "determinaram um retrocesso na ordem dos 3%, o que não é ainda muito significativo", precisou.
Atualmente, as reservas estão "a abrandar de uma forma transversal" devido "ao cancelamento de ligações aéreas", disse, destacando, "de forma particular", as de turistas de países que "integram o 'top 10' dos mercados externos para o Alentejo", como o Canadá e os Estados Unidos da América.
"Sobretudo" porque "deixa de haver ligações aéreas" entre Portugal e Estados Unidos da América, a partir de sexta-feira e pelo menos durante 30 dias, devido à decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, de suspender todos os voos oriundos de países da União Europeia para prevenir a propagação de Covid-19, disse.
"E isso vai ter um efeito muito pesado, porque os Estados Unidos são o 4.º mercado externo" turístico do Alentejo, frisou António Lacerda, admitindo que "pode haver compensações" com reservas do mercado nacional.
"E até os mercados internacionais poderão retomar mais tarde a atividade normal ou até uma atividade com mais força", porque "as pessoas vão sentir necessidade de fazer férias", mas, atualmente, é que "não o fazem", explicou António Lacerda.
Já o presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e do Ribatejo, António Ceia da Silva, também em declarações à Lusa, disse que "o Alentejo não tem os fluxos turísticos de outras regiões, como o Algarve", mas "há uma quebra de mercado internacional que é lógica, basta ver voos a serem cancelados".
"É de bom senso perceber que há menos turistas estrangeiros e uma quebra de grupos coreanos e chineses e de outros mercados internacionais", frisou Ceia da Silva, lembrando também a decisão de Donald Trump.
Por isso, "é natural que haja menos fluxos turísticos internacionais", disse, referindo esperar que haja "um reforço" de turistas nacionais para "compensar a quebra do mercado internacional".
Em relação aos turistas nacionais, "haverá um reforço, é a minha opinião, porque há muitos turistas portugueses que não irão viajar para o estrangeiro e que irão viajar por Portugal e também para o Alentejo", afirmou Ceia da Silva.
Nesse caso, "vai haver um reforço", mas, para isso acontecer, "vai ter que haver uma grande aposta no mercado interno", defendeu.
E, a confirmar-se, "não sabemos ainda é se esse reforço compensará ou não a quebra no mercado internacional, vamos ver", disse Ceia da Silva, referindo que não dispõe de informações sobre eventuais quebras ou cancelamentos de reservas de turistas portugueses nos estabelecimentos hoteleiros no Alentejo.
A pandemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.500 mortos em todo o mundo.
O número de infetados ultrapassou as 124 mil pessoas, com casos registados em 120 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 78 casos confirmados.
A Organização Mundial de Saúde declarou na quarta-feira a doença Covid-19 como pandemia, devido aos "níveis alarmantes de propagação e de inação".
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