“Aquilo que nós queremos é que o Governo nos ajude e é um facto que tem estado empenhadíssimo em encontrar as melhores soluções. Parece-me é que aquelas que foram anunciadas ainda não são aquelas que são adequadas àquilo que estamos a viver”, disse à Lusa a secretária-geral da AHRESP, Ana Jacinto.
A responsável afirmou ainda temer que as medidas anunciadas não tenham em conta o tecido empresarial que representa.
“Estamos a falar de um tecido empresarial, no caso da hotelaria e restauração, em que 99% destas empresas são micro, pequenas e médias empresas, sendo que 95% dessas são micro empresas. As medidas têm que se adequar a este micro tecido”, alertou a secretária-geral.
A associação tem já agendada para segunda-feira uma reunião com o ministro de Economia, pedida com caráter de urgência, para que possam “tomar decisões em conjunto”, adiantou a dirigente.
“[O Governo deve tomar] decisões em conjunto com o setor, porque nos é que ouvimos os empresários todos os dias (…) e há ideias e sugestões dos nossos associados que devem ser equacionadas”, acrescentou.
Sublinhando que a AHRESP não está a pôr de parte qualquer das medidas anunciadas esta madrugada pelo executivo, Ana Jacinto esclareceu que a ideia passa por poderem, em conjunto, melhorá-las e torná-las mais eficazes para o setor.
“Encontrar linhas de apoio à tesouraria, com a banca pelo meio, com os entraves que isto provoca, com o tecido empresarial que temos, ‘lay-off’ [suspensão temporária dos contratos de trabalho] que ainda não estão estruturados… isto não vai ajudar”, defendeu.
O Governo anunciou hoje uma linha de crédito no valor de 60 milhões de euros destinada a microempresas do setor do turismo, apontado como um dos mais afetados pelo novo coronavírus Covid-19.
Em conferência de imprensa, no final do Conselho de Ministros, o ministro Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, considerou que "a falta de liquidez será o maior problema" das empresas, que precisam de "acesso a meios de financiamento para mais tarde poderem reembolsar".
"O que podemos fazer é colocar dinheiro na caixa das empresas por forma a preservarem a sua capacidade produtiva", declarou o governante no ‘briefing’ do Conselho de Ministros, que começou já perto da 01:00 – uma reunião do executivo que foi interrompida ao final da manhã de quinta-feira para que o primeiro-ministro, António Costa, reunisse com os todos os partidos com assento parlamentar –, tendo sido anunciadas as medidas adotadas pelo Governo para fazer face ao novo coronavírus.
Por isso, depois de já ter anunciado uma linha de crédito de apoio à tesouraria das empresas de 200 milhões de euros, o executivo avançou com um específico para as microempresas do setor do turismo, afetadas pela queda das reservas e cancelamento tanto para as férias da Páscoa como para o verão.
O governante referiu ainda medidas como o 'lay-off' em empresa em situação de crise empresarial, no valor de dois terços da remuneração, assegurando a Segurança Social o pagamento de 70% desse valor, sendo o remanescente suportado pela entidade empregadora, um regime excecional e temporário de isenção do pagamento de contribuições à Segurança Social durante o período de 'lay off' por parte de entidades empregadoras e medidas de aceleração de pagamentos às empresas pela Administração Pública.
Esta semana, a Organização Mundial de Saúde declarou a doença Covid-19 como uma pandemia e na quinta-feira à noite o Governo português declarou estado de alerta.
Em Portugal, os últimos números da Direção-geral de Saúde apontam para 112 infetados, não havendo até ao momento registo de qualquer morte.
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